Escola da rede estadual utiliza robô pedagógico para esclarecer dúvidas de estudantes em Itaporanga
O robô funciona através do Whatsapp
Desde que o Regime Especial de Ensino foi adotado pela Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia (SEECT-PB) em toda a rede estadual de ensino por conta da suspensão das aulas presenciais durante a pandemia, a professora Maria de Lourdes Malaquias, da Escola Cidadã Integral Professor Francelino de Alencar Alves, em Itaporanga, que fica no Sertão do Estado, se viu em uma situação que nunca havia vivenciado em seus mais de 30 anos de sala de aula.
Mas a adaptação não foi tarefa tão difícil para a professora, que logo aprendeu a utilizar todas as ferramentas disponibilizadas pela SEECT-PB para não deixar os alunos desassistidos. E ainda foi além. Para melhorar ainda mais o desempenho dos estudantes, ela pediu ajuda ao filho, José Bruno Malaquias, engenheiro agrônomo e pós-doutorando na Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), com apoio da FAPESP, e aluno egresso da escola, para desenvolver uma ferramenta que auxiliasse na hora de tirar as dúvidas dos alunos.
“Quando começou essa pandemia eu fiquei muito preocupada com os alunos. Foi um grande desafio para nós, principalmente para mim, que tenho pouca experiência com tecnologia. Mas aí, conversando com meu filho, começamos a ver que existia a possibilidade de contribuir ainda mais com o aprendizado dos alunos”, explica a professora Lourdes.
A parceria entre mãe, filho e escola vem de muito tempo. Bruno fez o ensino fundamental na mesma escola em que a mãe ensina até hoje. O aluno egresso da rede estadual de ensino, atualmente com 33 anos, conseguiu transformar a própria vida através da educação e hoje utiliza os conhecimentos para ajudar na formação de muitos outros garotos que, como ele, sonham com um futuro profissional de sucesso e transformação.
“No início da pandemia eu fiquei um pouco preocupado com minha mãe porque ela me mostrava que estava recebendo várias mensagens de alunos para tirar dúvidas, em uma quantidade muito grande. Então, a partir disso, veio a ideia de fazer uma automação remota, onde o aluno tira as dúvidas de determinados assuntos sem o professor estar se ocupando com isso. Daí surgiu o Robhito”, explica Bruno.
Como funciona – O robô funciona através do Whatsapp. Os alunos abrem uma conversa com o contato do Robhito que direciona as perguntas dos estudantes, que também podem fazer questionamentos ao robô. O Robhito detecta as dúvidas dos alunos através de palavras-chave e direciona o conteúdo para eles. O sistema foi desenvolvido por Bruno em parceira com outra paraibana, Jéssica Karina da Silva Pachú, que é doutoranda na ESALQ/USP.
“Nós fazemos uma alimentação no robô com os conteúdos enviados pelos professores, que toda semana encaminham para mim e eu jogo na programação. O aluno vai para a conversa com o robô onde aparece uma mensagem inicial. O Robhito pede o nome completo, pergunta se é um professor ou aluno que está utilizando, e em seguida joga o conteúdo de acordo com as dúvidas dos estudantes”, explica Bruno.
Ao todo, foram mais de 1.250 conversas abertas com o robô desde que o sistema foi adotado pela escola. Inicialmente, ele está sendo utilizado apenas com os alunos do 6º e 7º ano, mas a previsão é de que o Robhito estenda sua função para outras turmas e futuramente para outras escolas. “Pessoas de vários locais estão entrando em contato conosco para replicar a tecnologia em outras escolas. Essa é a previsão”, revela Bruno
Para mãe e filho, o sentimento em ajudar outros alunos da comunidade em um momento tão atípico é de muita gratidão. “É uma das melhores experiências que tenho vivenciado. Fico mais feliz ainda em saber que é uma contribuição para a minha terra”, conta Bruno.
A professora Lourdes revela a alegria que é usar a tecnologia para ajudar na aprendizagem de seus alunos. “Eu me sinto muito gratificada em chegar ao fim da minha carreira inovando e trabalhando com novas tecnologias. Apesar desse momento difícil, tem sido um aprendizado muito grande”, finaliza Lourdes.
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