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Brasileiros vão se aposentar 5 anos mais velhos do que desejam, aponta pesquisa

Homens querem abandonar a carreira profissional aos 58 anos e mulheres aos 53 anos

Por Campelo Sousa

24/08/2016 às 07h56

Estimativa consta do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2020, enviado ao Congresso no mês passado. Entre os motivos, está o chamado 'abono de permanência'. (Foto: Thinkstock)

A aposentadoria parece estar mais distante do que o esperado para o trabalhador brasileiro. Enquanto os homens desejam abandonar a carreira, em média, aos 58 anos, as mulheres vislumbram receber o benefício aos 53 anos, aproximadamente. Os dois gêneros, no entanto, acreditam que vão ter o direito de se aposentar apenas com 64 e 58 anos, respectivamente.

Os dados foram revelados em pesquisa realizada pela FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) e mostram que, apesar do desejo de se aposentar mais jovens, a maior parte da população conhece a faixa etária com a qual tem o direito de receber o benefício do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) com as regras atuais.

De acordo com o estudo, 67% dos entrevistados souberam a idade exata ou aproximada que os homens devem se aposentar. Quando questionados sobre as mulheres, 62% responderam à questão de maneira certeira ou aproximada. Segundo o presidente da FenaPrevi, Edson Franco, os valores apontam para uma contradição entre desejo e realidade.

— Na hora que as pessoas verbalizam que a idade com a qual acham que deveriam se aposentar seria 58 e 53 anos, mas dizem que a idade com a qual vão, efetivamente, se aposentar é 64 e 58 [anos], mostram que, independentemente do desejo pessoal que elas têm, já existe uma consciência de que isso não será possível.

Franco afirma ainda que a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) já convergiu a idade mínima de aposentadoria para 65 anos e discute aumentar em mais dois anos a faixa etária.

— O que me chama atenção é que hoje o brasileiro se aposenta, em média, aos 54 anos de idade, o que é extremamente baixo em comparação com qualquer métrica internacional.

Em meio a essa discussão, 66% dos entrevistados afirmam que seria necessário fixar uma idade mínima para as aposentadorias, em função das pessoas estarem vivendo por períodos mais longos de tempo. Eles também responderam que, caso uma idade mínima seja estabelecida, ela deveria ser a mesma para contemplar homens e mulheres.

Apesar de um terço dos entrevistados defender a idade mínima, a parcela de 76% dos brasileiros discorda de que, com uma maior expectativa de vida, será necessário que as pessoas se aposentem mais tarde. Franco classifica o resultado obtido da pergunta como contraditório e analisa que a população se manifesta de modo diferente dependendo da forma como a questão é realizada. Para o presidente da FenaPrevi, esse tipo de incoerência é originado na forma como entendem o funcionamento da aposentadoria.

— Em um sistema previdenciário como o nosso, baseado no modelo de repartição simples, representa o pacto entre gerações. A geração que está trabalhando paga o benefício daqueles que estão aposentados. Na medida que você tem menos gente trabalhando, obviamente tem que mexer nos critérios de elegibilidade ou até no valor dos benefícios.

O estudo da FenaPrevi foi realizado em parceria com a Ipsos Public Affairs e ouviu 1.500 brasileiros com mais de 23 anos entre os dias 21 de julho e 4 de agosto.

R7

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