VÍDEO: Casos de mulheres com drogas no canal anal tentando entrar no presídio de Cajazeiras disparam

Nos três primeiros meses de 2024, a quantidade de mulheres detidas ao tentarem entrar na Penitenciária Padrão Regional de Cajazeiras com drogas intriduzidas nas partes íntimas – geralmente no ânus – surpreendeu até mesmo a direção da unidade.

No programa Olho Vivo dessa segunda-feira (1º), o diretor Tales Almeida revelou números que impressionam. Até 31 de março, foram dez mulheres presas e mais de 2kg de drogas apreendidas após serem flagradas pelo scanner corporal com raio-x. Para se ter uma ideia, durante todo o ano de 2023, 40 mulheres foram detidas nessa situação.

Segundo Tales Almeida, é muito mais recorrente a introdução de drogas no canal do reto (geralmente maconha e cocaína) porque os traficantes supõem que o material ilícito pode ser confudido com fezes e assim burlar a vigilância. No entanto, o crime é sempre revelado pelo equipamento eletrônico e as mulheres são detidas pela polícia penal.

“Denota um trabalho muito efetivo da nossa equipe de policiais, principalmente os policiais penais que realizam esse processo de revista. A gente já impediu que mais de 2kg de drogas chegassem ao interior do presídio”, destaca o diretor.

No sábado (30), duas mulheres foram flagradas tentando entrar com drogas introduzidas no ânus. A primeira tinha 250 gramas de maconha e 60 gramas de cocaína em pacotes plásticos (a direção do presídio avalia que pode ter sido a maior apreensão de drogas introduzidas no reto já registada na Paraíba). A segunda mulher tentou entrar com 157 gramas de maconha também na região anal interna. Ambas foram presas.

Mulher foi flagrada tentando entrar com 250 gramas de maconha e 60 gramas de cocaína no Presídio Regional de Cajazeiras (Foto: Divulgação/Presídio Regional)

Perfis das envolvidas

Tales Almeida afirma que algumas mulheres são forçadas a se arriscarem na entrega das drogas por parentes que estão cumprindo pena no presídio. Outras, porém, foram “recrutadas” pelo tráfico de drogas, seduzidas pelo dinheiro. O diretor conta que o pagamento pela entrega pode chegar até a 3 mil reais.

“Um material desses, se conseguir entrar, vai ser vendido muito caro dentro da unidade prisional e ela [a entregadora] também vai ganhar uma remuneração por isso”, afirma Tales.

Lei “benéfica” pode estar incentivando a recorrência

Muitas podem ser as razões que levam mulheres a se submeterem a essa prática criminosa que é tão arriscada para a segurança e a saúde delas. O diretor do presídio destaca, por exemplo, “brechas” na lei que permitem a soltura das acusadas logo após a audiência de custódia.

“Infelizmente, a lei ficou muito benéfica em relação a isso. Então, a maioria delas sai na audiência de custódia, salvo aquelas que já são reincidentes, até porque, geralmente, é pouca quantidade. Nessa última vez até nos surpreendeu porque foi uma quantidade maior. Mas, geralmente, a quantidade é pequena e o crime não é violento. Então, com a brecha que existe na lei, a maioria delas acaba sainda na própria audiência de custódia. Isso acaba até incentivando para que elas voltem a cometer esses crimes”, opinia Tales Almeida.

Raio-x corporal mostrou as drogas no ânus da mulher (Foto: Reprodução)

Como as visitas acontecem

Os detentos têm direito a visita íntima em um sábado e visita social em outro sábado. Para adentrar ao presídio, a visitante é cadastrada com seus documentos pessoais, passa por uma espécie de entrevista e recebe uma carteirinha de idetificação.

A entrevista é importante para que os agentes penitenciários constatem se, de fato, a visitante tem vínculo parental com o detento ou se ela dá sinais de ser apenas uma “mula”, termo popular que se refere a quem tem a função de entregar drogas.

Quando uma pessoa é flagrada tentando entrar com drogas, o detento para o qual o material ilícito seria entregue só poderá cadastrar outro(a) visitante após seis meses.

“A gente toma essas medidas para tentar inibir, porque realmente tem sido muito corriqueiro, muitas prisões. Esse ano chamou a atenção a quantidade de mulheres presas e a quantidade de material que elas estão introduzindo [nas partes íntimas]”, ressalta o diretor.

Presídio Regional de Cajazeiras (Foto: Diário do Sertão)

Óbito em 2023

No dia 30 de dezembro do ano passado, uma mulher de 34 anos, natural de Ipaumirim, no Ceará, morreu no hospital após passar mal durante visita ao seu companheiro no presídio de Cajazeiras.

Apesar de o laudo não ter sido liberado ainda, o diretor Tales Almeida revelou que, segundo informações extra-oficiais, a mulher ingeriu drogas, possivelmente para entregar ao companheiro, mas teve uma parada cardíaca.

O companheiro dela tem 28 anos, está preso pelo crime de tráfico de drogas e já foi condenado a 12 anos e 9 meses de detensão em regime inicialmente fechado.

DIÁRIO DO SERTÃO

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