VÍDEO: Historiadora fala sobre a criação do famoso Cine Éden de Cajazeiras e o que levou ao seu declínio
Fernanda Calisto esclareceu algumas polêmicas que cercaram o Cine Éden, por exemplo, a exibição de filmes 'pornôs'
O famoso Cine Éden de Cajazeiras foi tema para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da historiadora Fernanda Pereira Calisto, que esteve no programa Diário News, da TV Diário do Sertão, falando sobre sua pesquisa.
Fernanda explicou o motivo pelo qual decidiu falar sobre o cinema da cidade. Ela contou que sempre foi apaixonada por cinema, desde criança, e que na hora de escolher o tema para o seu trabalho decidiu falar sobre sua grande paixão, já que em Cajazeiras já teve vários cinemas, hoje não tem nenhum.
“De início eu queria falar sobre todos os cinemas, mas nós historiadores precisamos de fontes que nos auxiliam a pesquisar, a contar a história. Infelizmente, eu não encontrei fontes suficiente para poder fazer esse emaranhado todo, esse geral dos cinemas de Cajazeiras”, explicou.
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Ela conseguiu o contato do último proprietário do Cine Éden, e foi a partir dele que Fernanda teve acesso a documentos e relatos necessários para sua pesquisa.
A historiadora esclareceu algumas polêmicas que cercaram o Cine Éden, naquela época, por exemplo, a exibição de filmes ‘pornôs’. Segundo ela, filmes desse gênero exibidos na década de 80 não são como os pornôs vistos hoje em dia e foram adicionados a programação com o intuito de atrair o público para o cinema, já no seu processo de declínio.
“No caso é a pornochanchada, que é uma mistura de comédia com pouco de erotismo. Então, não é esse pornô explícito. É o estilo, digamos assim, da base do cinema brasileiro, é bem aquele estilo do filme brasileiro que tem aquela comédia, um pouco de erotismo, cenas bem quentes só que é em uma outra época”, disse Fernanda.
O Cine Éden inaugurou em 1936 na Avenida Presidente João Pessoa, em Cajazeiras, onde hoje funciona o Supermercado Melo. O Cinema passou por vários proprietários e em 1977 foi comprado por seu último dono, que o manteve aberto até 1990.
“Quando ele pegou o cinema, em 1977, tentou reformar, melhorar, trazer novos filmes, mas ele disse que eram muitos desafios. Tinha que ir para Recife atrás de bons filmes, enfim, bem complicado tentar manter o cinema; e um gasto muito alto”, afirmou a pesquisadora.
Durante a entrevista, Fernanda contou detalhes e curiosidades de como funcionava o Cine Éden, que descobriu durante sua pesquisa e destacou um fato que ela considera interessante.
“A questão do espaço de sociabilização do Cine Éden. Tinha toda uma preparação. As pessoas chegavam, iam pegar o bilhete, ficavam do lado de fora e ele colocava música clássica para tocar antes da sessão. Era todo um espetáculo. Ele falou que tinha um gongo eletrônico para anunciar que o filme ia começar, então as pessoas já se organizavam, entravam e sentavam nos seus lugares”, revelou.
Em sua pesquisa, ela também aborda o movimento de fechamento dos cinemas de rua no Brasil e como isso se deu. Fernanda revela que ‘sente saudade de um tempo que não viveu’ e que gostaria de ter tido essa experiência.
“Eu queria ter vivido a experiência de um cinema de rua. Mesmo que seja ver um filme antigo, uma produção assim eu acho muito legal, inclusive ainda existe no Brasil, alguns. Eu gosto muito de cinema, independente, eu só conheço o cinema de shopping, mas eu gostaria de ter tido a oportunidade de ver como funciona o cinema de rua. Eu fico só na imaginação mesmo da historiadora ao pesquisar”.
Fernanda é licenciada em História pela Universidade Federal de Campina Grande em Cajazeiras e pós-graduada em Educação Inclusiva. Sua pesquisa de TCC teve como tema: ‘Cine Éden: Cinema e História em Cajazeiras (1970 – 1980)’ e está disponível no acervo da Universidade, clicando aqui.
DIÁRIO DO SERTÃO
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