VÍDEO: Comunidade rural em Cachoeira dos Índios preserva sua história em museu com raro acervo de moradores
Idealizado pelo professor de Geografia Francisco Odair Dantas, o museu foi inaugurado em 28 de setembro de 2021, mesma data em que, no ano de 1926, pai e filho foram mortos por cangaceiros na comunidade
A reportagem da TV Diário do Sertão foi até a comunidade rural de Baixa Grande, município de Cachoeira dos Índios, no Sertão da Paraíba, para conhecer um museu que preserva e valoriza a cultura e história do povo daquela região. O professor de Geografia Francisco Odair Dantas, idealizador do projeto, contou como surgiu a ideia da construção do museu, como foi a captação dos objetos e destacou a participação e colaboração da comunidade.
“Essa comunidade é bastante antiga e tem muita cultura, aqui tem muito registro de um passado bem bonito, de pessoas inteligentes, e aí nós resolvemos criar este museu para guardar toda a memória da comunidade, das pessoas que já passaram, mas que deixaram sua marca”, disse Odair.
Ele explica que a ideia partiu das festas para os padroeiros, em que a comunidade tinha a tradição de fazer homenagens em dos que passaram por lá. Segundo Odair, inicialmente seria feito um memorial, mas com a doação de objetos antigos surgiu o museu.
O professor explicou que a comunidade inteira aprovou a ideia e a primeira ação foi providenciar o espaço físico; logo em seguida começou a captação dos objetos.
“Lançamos a campanha para que as famílias doassem os objetos e assim fizeram. A comunidade é muito boa, muito organizada e também acredita no trabalho comunitário, por isso que logo foram trazendo seus objetos mais antigos que tinham em casa guardado, que tinham uma história”, falou.
O professor ressalta o valor histórico das peças que fazem parte do acervo do museu e que muitas delas foram construídas pelos antigos moradores. Como idealizador, Odair aponta a importância da propagação da história da comunidade para os jovens e a luta para chegar nos dias de hoje. “Eles conhecem a história e conhecendo a história eles vão valorizar mais o hoje”, disse ele.
A ideia foi lançada em 2019, e em setembro de 2021 o museu foi inaugurado. O professor contou que desde então recebe visitas de diversas escolas da rede municipal, estadual e particular de ensino de Cachoeira dos Índios e de Cajazeiras, e até mesmo de escolas do vizinho estado do Ceará.
O acervo conta com galeria de fotos mostrando momentos da comunidade, como a fundação do grupo jovem em 1993; objetos antigos da religião católica, como oratórios e até mesmo uma caixa de fósforo benzida por Frei Damião; aparelhos de rádio, TV, vitrolas, moedas e instrumentos antigos; esculturas e muitos outros objetos que contam a história, não só da comunidade, mas da vivência do povo nordestino.
Um fato curioso contado por Odair é sobre as esculturas que ficam na entrada do museu, que representam antigos moradores que foram mortos por um bando de cangaceiros.
“Na historia oral da comunidade teve esse registro, essa marca da passagem do bando de cangaceiros liderado por Sabino Gomes. No mesmo dia que eles atacaram Cajazeiras, que foi no dia 28 de setembro de 1926, eles passaram primeiro aqui nessa comunidade e o bando de mais ou menos 22 pessoas cometeram esses assassinatos do pai, Raimundo Cassimiro, e do filho, Francisco Cassimiro”, relata o professor.
Odair explicou que o espaço é aberto a visitas mediante agendamento pelo número (83) 9 9919-2007, em qualquer dia da semana e em qualquer horário.
“Nós estamos abertos, queremos que as pessoas visitem e tirem a lição e aprendizado que for necessário, em todas as áreas do conhecimento, porque aqui nós temos Geografia, História, Ciência e todas as outras áreas do conhecimento”, destaca o professor.
DIÁRIO DO SERTÃO
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