Garotinho fala em bilhete com ‘aviso’ de ameaça em Benfica, mas não revela o teor
Ex-governador prestou depoimento, em Bangu, sobre suspeitas de que presos estariam tramando algo contra ele. Juiz autorizou que ele fosse ouvido sem sair do presídio.
O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, preso em novembro, afirmou em depoimento à Polícia Civil fluminense que recebeu um bilhete no presídio de Benfica – onde chegou a ficar detido inicialmente – com um aviso de que presos de lá estariam tramando algo contra ele.
Garotinho foi ouvido por agentes após pedido da defesa dele ser autorizado pela Justiça. O ex-governador alegou iria contar “fatos novos” sobre a lesão que disse ter sofrido na cela da Cadeia Pública em Benfica, na Zona Norte. Na semana passada, ele foi transferido para o Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste.
Na versão de Garotinho, durante a noite, alguém invadiu a sua cela na cadeia de Benfica e o agrediu com um taco de baseball. Imagens as quais a TV Globo teve acesso não mostram ninguém entrando na cela e agentes penitenciários dizem que seria “quase impossível” a invasão.
Ainda que tenha dito que teria fatos novos a revelar, Garotinho fez um depoimento curto e se negou a fornecer o conteúdo de um suposto bilhete que disse ter recebido. A mensagem, segundo ele, seria um “aviso” que ele recebeu em Benfica.
O ex-governador contou também que, ao ser transferido da galeria A para a B, uma pessoa se aproximou como se fosse se despedir, deu um papelzinho a ele e disse: “Quando chegar lá, leia, que isso vai confortar seu coração”.
Garotinho alegou ter pensando que fosse um salmo e só descobriu que não se tratava de liturgia quando leu a mensagem já depois da transferência para Bangu. Ele detalhou ser um pedaço bem pequeno de papel, sem pauta, manuscrito à caneta azul, com “um aviso cujo teor não quer revelar neste momento e que será juntado ao processo pela defesa”.
O ex-governador pediu, ainda, que a polícia ouça outros presos da galeria A de Benfica – onde ele ficou no período de detenção no presídio – “pra saber se escutaram gritos”.
Garotinho e a mulher dele, Rosinha Matheus, também ex-governadora, foram presos no último dia 22 em ação da Polícia Federal relacionada às delações da JBS. Segundo as investigações, a empresa teria doado, via caixa 2, R$ 3 milhões para a campanha de Garotinho ao governo do Rio em 2014.
A esposa de Garotinho, Rosinha Matheus, foi solta na última quinta-feira (30) por uma decisão dos desembargadores do Tribunal Regional Eleitoral. A ex-primeira dama chegou a estar no mesmo presídio que a também ex-primeira dama Adriana Ancelmo, esposa de Sérgio Cabral que está presa em Benfica, junto com o marido.
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