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José Antonio

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Um olhar do passado e um olhar contemporâneo de Cajazeiras

03/06/2013 às 09h48

Recebi, já há alguns dias, a visita de Mário Jacome Coelho e na ocasião me presenteou com 120 (cento e vinte) fotografias de Cajazeiras, todas feitas por ele, com um olhar que só um cajazeirense que ama a sua terra, de sua qualidade e cepa, pode congelar no tempo. Todas são simplesmente belas.

O olhar de Jacome sobre a arquitetura contemporânea da cidade e o resgate que ele fez do que sobrou dos prédios antigos, contrasta, na cena urbana, as modificações e as mudanças que a nossa cidade sofreu nos últimos cinquenta anos.

A revisitação que ele fez das nossas ruas, através das lentes de sua máquina fotográfica, reproduz a temporalidade ligada às imagens. E o mais belo de tudo é quando é feita a superposição das fotografias, com intervalos de tempo em torno dos cinquenta anos, observamos as mudanças inexoráveis que nos levam a sentir fortes emoções e perplexidades.

A fotografia sempre me seduziu e encantou e quanto mais antiga mais apaixonado eu fico pela imagem, porque busco na memória, na tentativa de trazer de volta os momentos, as pessoas e os lugares, principalmente aqueles que não mais existem, enquanto espaço arquitetural.  E com olhares cruzados, nas sombras da incerteza, reavivo as lembranças à época longínqua, da vida da cidade.

Houve sempre uma preocupação de Jacome em fotografar os espaços urbanos, as ruas, praças, edifícios novos e históricos, o que não aconteceu com um dos fotógrafos mais festejados da cidade que foi Nogueirinha, para quem “posei” diante de sua câmera, no dia em que completei 18 anos e esta imagem congelada do tempo faz parte da galeria da sala de visita da casa de minha mãe. Outro fotografo, da década de 60, Cícero Batista, instalado na Rua Padre José Tomaz, também não teve esta preocupação de registrar os nossos logradouros, nem Nelson Lira, que foi proprietário de um importante Studio fotográfico em nossa cidade, também na década de 60.

O mais lamentável é que o rico acervo de Noguerinha não se tem noticia onde foi parar, bem como o de Cícero Batista, considerados os que mais realizaram fotografias de estúdios.

Quem teve também um período áureo foi a família Bibiano, com base no Distrito de Engenheiro Ávidos, nas décadas de 50 e 60, que em lombos de famosos burros percorriam toda a zona rural do município fotografando, principalmente casais, e depois voltavam entregando-os ampliados, coloridos e numa moldura. Naquela época nascia o foto-shop: nos homens – terno e gravata, nas mulheres belos vestidos coloridos e com o rosto maquiado.  

Minha primeira fotografia foi quando fiz a Primeira Comunhão, no Distrito de Engenheiro Ávidos, provavelmente feita por um “lambe-lambe”, em 1954 e só alguns anos depois, quando precisei de uma foto 3X4, a fiz no meio da feira de Cajazeiras, por um famoso “lambe-lambe”, revelado na hora e o resultado é que quase ficou parecido com o fotografado.

Há alguns anos recebi do médico cajazeirense Solidonio Lacerda, residente no Rio de Janeiro, uma coleção de fotografias, consideradas as mais “históricas”, algumas delas já publicadas no GAZETA, que retratam a paisagem urbana e o cotidiano de nossa cidade, que se encontra junto ao acervo do GAZETA que já possui mais de trinta mil fotografias.

O fato é que nós precisamos fazer uma campanha para que possamos resgatar todas as fotografias antigas e outros tipos de documentos no sentido de preservá-los para que a memória da cidade não possa desaparecer com o tempo. A preservação destas fontes históricas é imprescindível e transcendental para que no amanhã, os nossos pesquisadores e historiadores possam se debruçar sobre elas e ter elementos para construir os textos que relatem o cotidiano e a vida de nossa cidade.

Mário Jácome também era possuidor de várias fotografias históricas, algumas da década de 20, talvez as mais antigas e as repassou para o cajazeirense Walter Cartaxo, ex-vice-prefeito, e que em breve serão todas publicadas, possivelmente na edição comemorativa do sesquicentenário da Emancipação Política de Cajazeiras, que será comemorada no dia 23 de novembro.

“O fotógrafo é um poeta que a partir do seu olhar proclama versos eternizados nas imagens de sua arte” (Warley Tomaz)

Salve os nossos fotógrafos atuais, em especial o que trabalha para o GAZETA, José Cavalcante, que tem demonstrado ter uma sensibilidade poética ao fotografar a nossa querida Cajazeiras.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]

José Antonio

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Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

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