Um novo Tênis Clube para Cajazeiras
Ele já foi considerado o clube mais sofisticado da cidade. Situado no alto de uma colina, às margens do açude grande, em suas paredes ainda ressoam os sons da Orquestra Tabajara animando entusiasmados carnavais com seus pierrôs, colombinas, palhaços e passistas vibrando ao som contagiante do Hino de Vassourinhas. Carnavais que saiam as ruas nas primeiras horas da quarta-feira de cinzas espalhando frevos e marchinhas pelos becos e ruelas até o encontro magistral com a orquestra do Clube Primeiro de Maio numa celebração que transformava a Praça João Pessoa numa arena de alegria e saudade de uma festa que se despedia de sua despretensão e irreverência.
Nas paredes do Cajazeiras Tênis Clube ainda ressoam os passos das valsas que embalavam os sonhos das meninas moças desfilando em seus bailes de debutantes os sonhos e acalantos de uma vida madura. Quantos requintes e brilhos ainda esvoaçam pelos ares a preservar uma atmosfera de glamour e lembranças esfumaçadas num passado distante? Quantos flertes e beijos fortuitos ainda gravitam no ar embalado de promessas de breves amores eternos.
O ritmo da modernidade, com seus carnavais de rua, com a precocidade da adolescência e da juventude, com novas e interativas estratégias de diversão, leva o Cajazeiras Tênis Clube a perder seu charme e sua utilidade. Deformado em sua estrutura original, ainda resiste ao tempo, ampliando-se em construções incompatíveis com sua identidade e servindo a outras finalidades, menos charmosas. De suas janelas poentes ainda se mantêm preservado um dos mais deslumbrantes por do sol do sertão. Nas estruturas arqueadas de seus portais ainda é possível resgatar um riso perdido, um beijo selando novos amores, um entrelaçar de mãos que antecedem novas relações.
O movimento pela revitalização do Cajazeiras Tênis Clube revela uma saudável iniciativa que vem protagonizada pelo conjunto de cajazeirenses e cajazeirados. A proposta é transformar o privilegiado espaço do clube num local para a realização de eventos sociais, culturais, artísticos. Eventos que se realizarão emoldurados pela sua estrutura clássica e suas paisagens atrativas, refletidas nas tranqüilas e, infelizmente, poluídas águas do açude grande. Açude, inclusive, que entra na composição da proposta de soerguimento do Tênis Clube, com a colocação de pedalinhos, a construção de um píer que abraçará o açude e entrosará pessoas. A construção de um restaurante onde, nos finais das tarde, seus clientes possam se despedir do sol que mergulha nas tranqüilas águas centenárias, também é sugerida como alternativa de valorização do espaço.
Iniciativa possível? A resposta depende da capacidade de cada um de nós em se envolver nessa empreitada, seja, reconhecendo-a como viável, seja dando-lhe vida em sugestões e propostas. Uma contribuição que venha, mesmo que em forma de singelas palavras de incentivo. E que venha o Tênis Clube. E a cidade consiga tornar-se mais feliz e mais sonhadora. Que o vermelho de nossos por do sol do verão seja o ardor a movimentar essa paixão.
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