Um livro da história de Pombal
Por Francisco Frassales Cartaxo – O nome espanta. A leitura me seduz enquanto percorro trilhas abertas em 250 anos da Fundação da Vila e Instalação da Câmara dos Vereadores de Pombal – 4 de maio de 1772 a 4 de maio de 2022. Livro de Jerdivan Nóbrega de Araújo e Verneck Abrantes de Sousa, com prefácio de W J Solha. Ideia, João Pessoa, 2022. Antes de ler as 366 páginas, minhas referências históricas significativas de Pombal eram as de Wilson Seixas e Antônio José de Sousa.
Para entender melhor, divido arbitrariamente o volume, de 78 capítulos, em duas partes: a primeira, vai da época colonial ao nascimento da República; a segunda, daí até nossos dias. Nesta crônica, apenas navego em fragmentos antigos da história do sertão. Ora, quase tudo começa em Pombal, que surge com a instalação em 1698 do acampamento fixo de militares, denominado Arraial do Piancó. Depois vira a Povoação (Freguesia) de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Piancó, em 1711, quando o rei autoriza a criar o Julgado do Piancó. A Vila Nova de Pombal nasce em 1772 como sede de imenso território, a 6ª mais antiga da Paraíba e a 1ª do sertão. Portanto, a história de Pombal também é nossa história. O status de cidade, Pombal só adquire em 21 de julho de1862.
Nesse longo percurso há de tudo.
Massacres de índios, brigas por terras, corrupção, assassinatos, traições, muitas intrigas envolvendo capitães-mores, comandantes, padres, juízes e chalaças. Tudo misturado. Viva o patrimonialismo! Firmado em fontes primárias, o livro dos pombalenses, Jerdivan Nóbrega à frente, merece ser lido por historiadores, profissionais ou não, e simples curiosos. Os autores decifram manuscritos com lupas, ajudados por outros que não assinam essa obra de construção coletiva, imagino, abnegados pesquisadores. Alguns são citados: professor Hélio Ramos, José Tavares e Guttemberg Farias. Deduzo que há debates, cooperação e novas descobertas capazes de retificar enganos passados. Isto faz o livro. Ah, os personagens! O coronel João Dantas Rothéa, o capitão-mor Francisco de Arruda Câmara, o padre Antônio Luiz Pereira, ricos, intrigantes, espertos patrimonialistas, merecem estudo à parte.
O livro enriquece a historiografia paraibana.
No começo do século XIX Cajazeiras não passava de mera fazenda de gado. O livro fornece pistas de nossa pré-história, que vão além da ocupação de terras. Autoridades públicas da época, como almotacés e vereadores estão lá. Deusdedit Leitão cita, mas sem abrir o contexto, como fazem Jerdivan e Verneck. Exemplos? O sesmeiro Luís Gomes de Albuquerque, nomeado almotacé, e Francisco Gomes de Brito, vereador da Câmara do Senado de Pombal.
O autor ocupa a Cadeira nº 36 do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
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