Terceira via para presidente da República
Por Francisco Frassales Cartaxo
Daqui a sete meses haverá votação para presidente da República, governador, senador, deputados federais e estaduais. A campanha de presidente faz sombra a todas as outras e nunca se falou tanto em terceira via. Na aparência poderia avançar uma candidatura colocada entre os dois principais concorrentes, segundo as pesquisas de intenção de voto. Por quê? Porque, de um lado, há forte resistência a Lula e ao PT e, do outro, uma notória decepção com Bolsonaro, com sua forma sinuosa de governar o Brasil. Este ano, porém, a bipolarização adquire visível contorno ideológico, expresso de forma escancarada na mídia e em redes sociais. Nunca vimos isto com tamanha intensidade. Nesse clima, um terceiro nome poderia prosperar?
Mas a terceira via não sai do canto.
Há muitas outras razões. Este espaço só me permite citar algumas. A mais importante, sem dúvida, tem raiz estrutural, isto é, falta à terceira via um projeto para o Brasil. Uma clara definição dos problemas fundamentais e a forma de encaminhar soluções exequíveis. Ora, não existe sequer um esboço de programa que aglutine lideranças expressivas em torno dele e, afinadas, promovam amplo debate com a sociedade. O horário eleitoral poderia ser utilizado com esse objetivo. Assim, a adesão popular a tal projeto viria da confiança na resolução de problemas concretos, identificados e sofridos pela maioria da população. O leitor já ouviu algo parecido com este desenho que ora faço? Não, claro, esse projeto não existe. É verdade que há a insistência de Ciro Gomes em apresentar-se como o “papai sabe tudo”…
Mas existe outro motivo.
Um projeto para o Brasil precisa ter uma cara. E um cara que junte e não espalhe. Que aglutine e não afaste. Não dá para fabricar esse líder, assim sem mais nem menos. Alguns dos nomes lembrados pela mídia ostentam potencial do personagem que se encaixe no desejo de boa parcela do eleitorado. Em torno de um deles, quem sabe, poderia haver convergência indutora de agregação de votantes suficiente para torná-lo competitivo.
Aqui a porca torce o rabo.
Ninguém pensa no interesse coletivo. No máximo, invoca-se o interesse partidário, larga porta de acesso a benesses do poder. Benefícios legais, franqueados pelo regime presidencialista de coalizão. Somente? Há também (viva o centrão!) aquele jeitinho “por debaixo do pano”, como diz o povo. Por isso, e por muito mais, vamos repetir este ano a velha opção: ou um ou outro.
Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL
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