Sucesso ou Sentido: o que lhe traz a Felicidade?
Dentre vários autores que falam sobre o assunto, sou simplesmente fascinado pela história de vida de Viktor Frankl.
Nascido em Viena, em 1905, o psiquiatra Viktor Frankl foi levado pelos nazistas para os campos de concentração, em 1942, juntamente com sua esposa, seus pais e irmão. Veja o que aconteceu com Frankl entre 1942 e 1945:
1942. Os nazistas forçam Tilly a abortar seu filho. Em setembro, Viktor e Tilly Frankl são presos e deportados com seus pais para o Ghetto de Theresienstadt, norte de Prague. Sua irmã Stella escapa para Austrália, seu irmão Walter tenta fugir para Itália. Depois de seis meses em Theresienstadt, seu pai morre por exaustão.
1944. Frankl, Tilly e sua mãe de 65 anos de idade foram transportados para serem executados em Auschwitz. Sua mãe é imediatamente assassinada nas câmaras de gás, e Tilly é transferida para Bergen-Belsen, onde morre com a idade de 24 anos. Viktor Frankl é transportado de Viena para Kaufering e Türkheim. Mesmo sob condições terríveis, Frankl encontra sua tese central sobre o sentido da vida.
1945. No último campo de concentração, Viktor Frankl adoece. Para salvar-se, ele se mantém desperto reestruturando o seu livro com papeis roubados do escritório nazista no campo de concentração. No dia 27 de Abril, o campo de concentração é libertado pelas tropas Norte Americanas. Em agosto, Viktor Frankl volta para Viena, onde ele descobre que sua esposa, mãe e irmão foram assassinados em Auschwitz.
Então você deve estar se perguntando: mas como alguém encontra sentido de vida na pior das condições humanas?
“O homem, por força de sua dimensão espiritual, pode encontrar sentido em cada situação da vida e dar-lhe uma resposta adequada”.
Esta frase encontra-se em um de seus livros, “Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração”. São relatos de sua experiência como interno de campo de concentração. Frankl descreve como encontrou sentido em todas as formas de existência (inclusive nos momentos mais difíceis), buscando um motivo, uma razão para continuar vivendo.
Mas, afinal, o que Frankl fala em sua teoria (Logoterapia) que podemos aplicar, nos dias de hoje, em nossas vidas?
Que não devemos buscar a felicidade, pois ela surge a partir do momento em que a pessoa encontra um sentido, encontra uma razão maior de sua existência.
Não se pode perseguir a felicidade. Ao fazer da felicidade o objeto de motivação, ela passa a ser, também, objeto de atenção. No entanto, ao proceder assim, perde-se de vista o motivo, a razão para ser feliz e, consequentemente, a felicidade acaba por desaparecer.
Já percebeu que pessoas infelizes falam o tempo todo que não têm sentido de vida?
A autorrealização e a felicidade aparecem como efeito da realização de um sentido. Não busque o fim em si mesmo. Você precisa se alegrar no caminho, não apenas achar que será feliz se tiver isso ou aquilo.
Frankl também fala sobre a autotranscendência, que seria “a capacidade especificamente humana de sair de sua esfera e de se fazer participante de algo ou alguém que está no mundo e que não seja a própria pessoa.” É por isso que é tão bom ajudar o próximo, fazer algo por alguém, participar de um projeto, fazer parte de um grupo. Estas são necessidades sociais que fazem parte do homem e que ajudam a dar sentido à vida.
O sentido possui um efeito terapêutico no ser humano e é uma condição necessária para a sua realização como pessoa. Então vamos parar de procurar a felicidade e estabelecer sentido, ou seja, propósitos para viver.
Encerramos nossa pequena reflexão com parte do livro “Em busca de sentido”:
“Não procurem o sucesso. Quanto mais o procurarem e o transformarem num alvo, mais vocês vão errar. Porque o sucesso, como a felicidade, não pode ser perseguido; ele deve acontecer, e só tem lugar como efeito colateral de uma dedicação pessoal a uma causa maior que a pessoa, ou como subproduto da rendição pessoal a outro ser. Quero que vocês escutem o que sua consciência diz que devem fazer e coloquem-no em prática da melhor maneira possível. E então verão que a longo prazo – estou dizendo a longo prazo! – o sucesso vai persegui-los, precisamente porque esqueceram dele.”
FRANKL, V. E. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. Petrópolis: Vozes, 2008.
Tulio Augusto.
Professor de Administração de Empresas do IESP Faculdades. Professor Executivo da FGV, Administrador de empresas, Consultor e Palestrante.
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