Silêncio, Edme vai falar: “Cajazeirenses, meus conterrâneos”
Cajazeiras vive hoje um silêncio perturbador com a morte de Edme Tavares e seu brado retumbante já não poderemos mais ouvir nas colinas, nos prados, nos campos floridos, na cidade, nos palanques e nos parlamentos: “Cajazeirenses, meus conterrâneos”.
Muitos amigos comuns de Edme Tavares ficaram buscando na lembrança quais teriam sido as ações de Edme, no plano estadual, federal e em especial na cidade de Cajazeiras. Fiz esta semana, uma pesquisa nos meus arquivos, quais as grandes contribuições, não apenas no seu labor legislativo, mas também enquanto ocupou funções de relevância no executivo. É obvio que neste canto de página não seria possível enumerar o quanto ele fez nos seus vinte anos de vida parlamentar.
Já se disse, com rara propriedade, que os homens passam, mas suas idéias e feitos permanecem e Edme foi um exemplo entre aqueles que serviram com obstinação a serviço de suas comunidades e sempre tendo um destaque para a sua amada cidade de Cajazeiras.
Uma das grandes defesas de Edme era em torno das disparidades sociais e regionais e quem já leu seus discursos e acompanhou sua vida pública sabe de seu combate contra a fome e a miséria, dizia ele: “é impossível impor-se ao silêncio, à passividade, à mera especulação ante uma realidade triste, representada por imagens e números tão eloqüentemente aterradores que é o Nordeste de hoje”.
Outra grande preocupação de Edme foi com o homem do campo: “é imperativo que se procure por todos os meios melhorar a vida do homem do campo e cessar em definitivo os séculos de injustiças sobre a sua família” e foi nesta linha que ele conseguiu reduzir a idade para a aposentadoria rural de 65 para 60 para os homens e das mulheres de 60 para 55 anos.
Poderíamos enumerar alguns dos feitos da sua ação política direta com relação a Cajazeiras: Escola Técnica Federal, Junta de Conciliação e Julgamento, Escola Polivalente Cristiano Cartaxo, Construção do Centro de Ensino Supletivo Mons. Vicente Freitas, Criação do Centro Regional de Educação, Criação do 1º Grau completo no Grupo Escolar Dom Moisés Coelho, Construção do Hospital Infantil, Criação do Centro Regional de Saúde, Estradas asfaltadas Cajazeiras – Antenor Navarro, Brejo das Freiras – Antenor e Uiraúna – Antenor, Agência do Banco do Estado da Paraíba, Construção de canal de saneamento básico na Travessa Joaquim Costa, Abastecimento d`água do Distrito de Engenheiro Ávidos, Construção do Conjunto Residencial para funcionários públicos (IPEP), Criação e instalação do escritório Regional da SAELPA, Construção da nova sede do IPEP, Construção da agência do INPS, Instalação das agências do BRADESCO e da Caixa Econômica Federal, Construção do Matadouro Público, Autorização no Ministério do Trabalho para transformar a Associação dos Bancários de Cajazeiras em Sindicato e centenas de bolsas de estudos para alunos carentes.
Edme sempre esteve atento na preservação da memória daqueles que ajudaram na construção de Cajazeiras e antes mesmo de serem inauguradas as obras que tinham a sua ação, dava entrada de Projetos de Lei na Assembléia com as denominações e destacamos: Professor Crispim Coelho para o Colégio Estadual, Dr. José de Sousa Maciel para o Hospital Regional, Perpetuo Correia Lima para o estádio de futebol, Iracles Brocos Pires Ferreira para o Teatro, Monsenhor Vicente Freitas para o Centro de Ensino Supletivo, Dr. Ferreira Júnior para o Fórum, Firmino Gaioso para o auditório do Fórum, João Rodrigues Alves para as Casas Populares, Cristiano Cartaxo para a Escola Polivalente.
Vale relembrar um fato: o dinheiro já estaria certo para construir o asfalto que ligaria a cidade São João do Rio do Peixe a Cajazeiras, mas o deputado federal Antonio Mariz fez um trabalho nos bastidores e já dava como favas contadas que seria para Sousa e então foi feito um movimento em Cajazeiras e buscou-se a participação de Edme e em menos de 24 horas ele conseguiu reverter o quadro, tendo como principal justificativa a extinção do ramal ferroviário que ligava Cajazeiras a São João, além do seu prestigio junto ao governo do estado.
Edme era assim: quando abraçava uma causa não gostava de perder e em seu discurso de despedida da Câmara federal disse: “para mim, a marca humana mais edificante, mais duradoura e mais fecunda é o objetivo de um ideal, que cumpri religiosamente, servindo ao povo” e concluiu: ” já vou indo, na esperança da precisão do meu novo salto. Sou hoje um homem pássaro que acredita no seu vôo. É o trapézio da vida. Já vou indo, meus conterrâneos, para ficar mais perto de um novo horizonte que a mão de Deus me conduzir”.
Meu querido amigo você agora é eternidade, deixou uma história para a vida e uma vida para ser reconhecida pela história.
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