Ronda 1242
Deus vai nos dando sinais de que o mundo é dEle. Quando estamos desiludidos com tanta corrupção e pequenez da parte dos homens, gestos simples comprovam que a humanidade é, sim, capaz de se superar.
Trafegando pelas ruas de Quixadá, na noite de domingo, flagrei uma interessante atitude dos ocupantes de uma viatura (VTR) do Ronda do Quarteirão (a de número 1242), na Avenida José Caetano.
A VTR, com o giroflex ligado, parou ao lado de duas senhoras, acompanhadas por um garotinho de seus quatro ou cinco anos de idade, talvez filhinho de uma delas. Eu, que vinha no meu carro, parei bem atrás da VTR e acompanhei o desenrolar dos fatos. Supunha que aquelas senhoras estivessem em atitude suspeita e, por isso, os policiais iriam fazer alguma espécie de abordagem.
Eis minha grata surpresa ao constatar que o policial saiu do carro, pegou o garotinho ao colo e, num gesto belíssimo, mostrou-lhe a viatura por dentro. Depois, entregou o menino a uma das senhoras e continuou sua diligência. Fiquei imaginando a felicidade daquele menino que teve o seu pedido (expresso talvez num aceno) atendido por aqueles policiais.
Confesso que segui meu rumo engrandecido. O gesto foi simples, porém revelador de que algo está mudando, e para melhor. Não sei se aquele menino era parente ou mesmo conhecido daquele policial, mas sei que o menino nunca mais irá esquecer essa experiência tão positiva que teve com a polícia.
Hoje, enquanto escrevo, penso no garoto contando para seus amigos que entrou no “carro da polícia”. E, mais ainda, que irá ser policial. E fiquei esperançoso por vislumbrar que, muito provavelmente, aquele menino, futuro adulto, não irá entrar pela porta de traz (a do xadrez da VTR), porque teve a alegria de entrar pela porta da frente, agora, como um pequeno cidadão respeitado pela policia, depois, quem sabe como um deles.
O “Ronda” é a polícia comunitária que, desde novembro de 2007, por iniciativa da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Ceará, está conseguindo aproximar mais ainda a corporação da população, através do diálogo e da presença sempre constante nas ruas, mas, também, de ações severas contra os que insistem em turbar a paz social.
Não apenas a sensação de tranqüilidade está voltando. A humanidade tão necessária aos profissionais da segurança pública também está se fazendo notar.
Kercya Nara, que me acompanhou neste flagrante, verbalizou o que todos nós, cidadãos, gostaríamos de falar: precisamos de uma polícia assim.
Parabéns, senhores. Avante, com disciplina, coragem e respeito.
"A injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos"
(Montesquieu)
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