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Francisco Cartaxo

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Revisão do morticínio eleitoral de Cajazeiras

31/03/2019 às 09h39

Coluna de Reudesman Lopes

O fato político mais relevante da história de Cajazeiras foi o conflito armado, no dia 18 de agosto de 1872, quando morreram seis pessoas e outras tantas ficaram feridas. Decorridos quase 150 anos do episódio, conhecido como o morticínio eleitoral de Cajazeiras, ainda hoje persistem dúvidas e controvérsias entre estudiosos de nosso passado. Além do impacto real, familiar, emocional, administrativo e político provocado pelos assassinatos em praça pública, aquele acontecimento gerou muitas consequências para a vida da sociedade cajazeirense. E seus principais personagens.

Há um dado novo.

Durante muitos anos, a tradição oral, historiadores, jornalistas, pesquisadores e familiares de participantes daquele entrevero sangrento, repetem narrativas cheias de lacunas, algumas recheadas de fantasias, numa mistura de realidade e ficção. Isso está prestes a ter fim. E existe um responsável por essa inflexão em nossa historiografia. Refiro-me ao jovem advogado Neuribertson Monteiro Leite. Há mais ou menos 8 anos, ele conseguiu localizar o processo crime nos arquivos da 2ª Vara da comarca de Cajazeiras, formado a partir de ação movida por Ana Josefa de Jesus, viúva do português Joaquim Antônio do Couto Cartaxo, contra o alferes João Pires Ferreira, acusado de ser o autor intelectual da morte do seu filho, o jovem tenente da Guarda Nacional, João Antônio do Couto Cartaxo, uma das seis vítimas do morticínio. Tarefa difícil, considerando que o processo data de 1876! É certo que ele só encontrou parte das dezenas de páginas do documento. Outras muitas foram extraviadas. Mesmo assim, o que restou, enseja um avanço extraordinário no conhecimento e na avaliação correta de nossa história.

A motivação do advogado Neuribertson Leite, hoje também professor universitário, foi acadêmica. Suas pesquisas resultaram no estudo João Antônio do Couto Cartaxo – sacrificado por um ideal político de liberdade, apresentado ao Departamento de Pós-Graduação da Universidade de Buenos Aires, como requisito parcial para a conclusão da disciplina História do Direito, módulo I, Doutorado em Direito Penal. A leitura do estudo, pelos poucos interessados que tiveram acesso àquele texto e às peças salvas do processo criminal, está provocando uma reavaliação da história do nascente município de Cajazeiras.

Essa revisão tem sido possível a partir daqueles documentos, complementados com novas informações, obtidas hoje com facilidade graças à internet. Jornais, textos oficiais do século XIX, por exemplo, permitem confrontos com os preciosos dados, escritos, comentários, reflexões de pesquisadores da história de Cajazeiras, como Deusdedit Leitão, Otacílio Dantas Cartaxo e João Rolim da Cunha. Documentos antigos, agora conhecidos, estão sendo de extraordinária valia para, não só preencher lacunas identificadas em estudos existentes, como também propiciar revisão crítica da história de Cajazeiras. Desconfio que o próprio Neuribertson Leite, se voltar ao tema, será tentado a modificar parte das conclusões a que chegou no seu interessante estudo de 2012.

P S – Esta crônica é fruto da pesquisa que estou fazendo para escrever, com segurança, a biografia do advogado Antônio Joaquim do Couto Cartaxo, meu Patrono na Academia Cajazeirense de Artes e Letras. É minha honrosa tarefa. Se não fizer esse esforço não terei direito à imortalidade! Amém.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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