Réquiem para Zerinho: um homem de muita fé
Por José Antonio
Era um dia de sábado, dia 2 de junho de 2007, na cidade do Recife, por volta do meio dia, tive a oportunidade de viver um momento de muita emoção na minha vida. Por feliz coincidência, neste horário, eu estava passando em frente do Hospital Português, quando recebi um telefonema de Arlan Rodrigues cientificando-me que seu pai, o empresário José Nelo Zerinho Rodrigues, estava terminando de almoçar e logo em seguida ia receber alta médica e viajaria para a cidade de João Pessoa.
Então, pedi a Arlan que me esperasse cinco minutos, que eu queria assistir a saída de Zerinho do hospital, onde permaneceu durante 18 dias, após se submeter a um transplante de rim. Foi um reencontro carregado de muitas emoções e alegrias, traduzidas pelas lágrimas que rolaram na sua face e outras contidas no meu coração. Era como, se naquele instante, estivesse sendo testemunha de uma ressurreição. Dias antes, eu e Antonieta já havíamos feito uma breve visita ao Zerinho.
Quem vinha acompanhando a luta de Zerinho, em querer, obstinadamente, viver, mas viver com mais saúde, sabe perfeitamente o quanto foi longo e doloroso o seu “calvário”.
Era com a palavra calvário que Zerinho denominava a sua caminhada de sofrimento, todas as vezes que era obrigado a se submeter a uma sessão de hemodiálise. Ele costumava me dizer: José, Cristo padeceu três horas pregado, no calvário da cruz, até morrer. Uma sessão de hemodiálise dura em média três horas e meia. E ele afirmava: era uma verdadeira via crucis.
Zerinho esteve mais de uma vez nas “portas da eternidade” e em uma delas passou 21 dias em estado de coma, num leito de uma UTI, na capital do estado. Teve ainda outros momentos delicados e sua saúde inspirava muitos e especiais cuidados. E Zerinho, com paciência e obstinação e com muita vontade de viver, ia vencendo as dificuldades e os obstáculos. Em um determinado momento circulou uma conversa que ele teria falecido, o que para felicidade de sua família e de seus amigos, não era verdade.
No dia em que zerinho ia ser operado, antes de entrar na sala de cirurgia, falei com ele pelo telefone e me pedia as minhas orações e as de minha esposa Antonieta e o pedido foi cumprido. E neste dia lembrei-me de uma promessa que Zerinho pagou, junto com diversos amigos, logo depois que foi eleito prefeito de Cajazeiras, quando fez uma caminhada de Cajazeiras até o Distrito de Divinópolis e na Capela de São João Bosco foi celebrado uma Missa de Ação de Graças. Zerinho teve conhecimento das correntes de orações que se formaram por toda a cidade de Cajazeiras, no sentido de sua plena recuperação.
Mas quando fui assistir a saída de Zerinho do Hospital Português um fato me deixou marcado para toda a vida: quando a porta principal do hospital foi aberta e que dava acesso à rua, Zerinho, num gesto de profunda humildade, de muita fé e contrição abriu os abraços e por três vezes repetiu: obrigado Senhor! Obrigado Senhor! Obrigado Senhor! Este gesto de agradecimento calou profundamente em todos que estavam na sala de espera do Hospital e este grito, saído do íntimo de seu coração, ficou demonstrado mais uma vez que Deus operou um milagre em Zerinho porque a fé ajudou a salva-lo. Ele acreditava na força da oração e que através dela ia voltar para sua casa, com saúde. Deus seja louvado!
Quando via meu amigo Zerinho andando pelas ruas de Cajazeiras, ficava muito feliz e cada vez mais crente que ele era um homem movido a muita fé.
Infelizmente, neste último dia 10 de setembro, Zerinho, depois de um infarto, foi chamado por Deus pra perto dele. Hoje oramos pela sua eterna felicidade.
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