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Francisco Cartaxo

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Repercussão da eleição municipal

25/10/2024 às 19h54

Foto: divulgação/TSE

Por Francisco Frassales Cartaxo – Embora ainda não concluída a eleição em âmbito nacional, borbulham as análises, algumas com estapafúrdias conclusões que refletem desejos do especulador. “Quem ganhou, quem perdeu” é muito simplismo para compreender a realidade brasileira, cheia de nuanças, com a multiplicidade de partidos políticos e o meio emaranhado de interesses locais. Daí tantas inferências enviesadas.

Vejamos alguns equívocos.

1º) O pleito municipal é um embate ideológico. Errado. Ora, nossos partidos são frágeis, ideologicamente, não permitindo agrupá-los em “esquerda” e “direita”, em particular quando se trata de disputas locais, pejadas de contradições. A escolha do prefeito tem sua lógica própria, baseada em múltiplos fatores: competência do gestor demonstrada em ações de benefícios coletivos, laços de amizades, favores pessoais ou familiares, “serviços prestados” e que mais!

2º) O somatório de vitórias locais define candidaturas à presidência da República. Errado. Resultados quantitativos (números de prefeitos e vereadores, somatório de votos obtidos por candidatos não eleitos etc.) podem ser indicadores válidos para disputas estaduais. Não credencia, porém, os postulantes à presidência da República. Do contrário, Lula jamais teria subido a rampa do Planalto! Gente, o voto para presidente possui características peculiares, bem diferentes da decisão de escolher o prefeito, salvo raríssimas exceções.

3º) O tamanho dos partidos é função da soma de prefeituras conquistadas na eleição. Isso é uma “verdade enganadora”. O município de São Paulo possui mais de 6 milhões de votos válidos. Joca Claudino menos de 2 mil! E mais, um prefeito raramente é eleito pela força de uma só legenda, mas por um conjunto de partidos.

Então para que serve a eleição municipal?

Ela guarda estreita correlação com o pleito para a Câmara Federal. Isso não é novidade. Vem desde a revolução de 1930, sobretudo, com a vigência da Constituição de 1946. Nos últimos anos, essa correlação aumentou na medida em que o Congresso Nacional se impôs como influente agente político republicano na formulação do Orçamento Geral da União e, notar bem, avançou na sua execução. Nosso presidencialismo abriu espaço para o Legislativo no uso das verbas orçamentárias, hoje, manipuladas pelos deputados com desenvoltura com efeitos práticos na captação de votos. Ao Executivo cabe a operação formal, burocrática do orçamento em conformidade com as leis. Aí estão as famosas emendas parlamentares, emendas pix ou que outro apelido venham a ter.

Faço este singelo esboço de roteiro para análise da eleição deste ano, alertando que só deverá ter realista após o dia 27, quando conhecidas definições significativas em municípios chaves, incluindo várias capitais, entre as quais, estas seis são emblemáticas: São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza, Belém, Porto Alegre e Cuiabá.

Sócio do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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