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Mariana Moreira

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Reflexão eleitoral

11/10/2024 às 18h44

Rovena Rosa/Agência Brasil

Por Mariana Moreira – O país viveu mais um momento de intensa agitação política com a realização, no último domingo, de mais uma eleição para a renovação de postos e funções importantes na composição da estrutura administrativa e legislativa dos municípios e, em vários, esse momento se prologando para o segundo turno. As mais variadas e, em muitos momentos, esdrúxulas posições foram e são colocadas na arena das ideias e das expectativas de conquista de simpatias e dividendos eleitorais. Posições que, infelizmente, com muita recorrência e forte apelo popular, trazem a marca da intolerância, da intransigência, do preconceito, da ignorância política e cultural que desconhece a multiplicidade e a diversidade que imprimem a principal característica da espécie humana.

A revelia dos lamentáveis momentos de intolerância e de prepotência de grupos retrógados e com forte ranço oligárquico e anacrônico, o processo eleitoral se constitui em um momento de importância impar para que o país repense a forma como seus problemas estão sendo pensados e quais soluções podem ser viabilizadas com constância de sucesso. Um momento que, embora ainda estejamos submissos a tirania de meia dúzia de veículos de comunicação que, controlados por grupos econômicos reacionários que não permitem o livre debate de ideias e, de forma antecipada e retrógrada, idolatra uns e demoniza outros apenas pelo sabor de seus interesses, alguns espaços vão sendo legitimados como interessantes possibilidades de intercâmbio de ideias e de debates sobre posturas, propostas e compromissos políticos. Inegável o papel decisivo que, na contemporaneidade, as novas tecnologias de comunicação começam a desempenhar neste processo de vivência eleitoral. Redes sociais, internet começam a se transformar em interessante palco para a discussão de ideias e para a veiculação de informações mais ágeis e mais democráticas. Claro que são necessárias ressalvas.

Mas as eleições trazem ainda outra dimensão que, infelizmente, não recebe a atenção que sua importância encerra. Trata-se da enorme força política que cada um de nós, a partir de nossas atitudes e de nossas posturas diante deste cenário, desempenha. Dessa forma, a posição da defesa do voto facultativo pode representar uma perigosa posição quando minha omissão favorece e contribui para a eleição de pessoas cujos compromissos destoam visceralmente de minhas convicções e expectativas de sujeito social. Ou, mais perigoso ainda, a atitude de que, já que tenho que votar vou votar em qualquer um, ou no mais bonito, ou no mais engraçado, ou no mais estrambótico, ou no mais estapafúrdio, como se a atividade política fosse uma exótica montagem do circo dos horrores onde as figuras mais bizarras teriam apenas a tarefa de saciar o apetite voraz da plateia. E, com essa posição, colaboro decisivamente para que construções resistentes e duradouras não sejam edificadas na montagem de uma sociedade mais justa e mais fraterna.

Também é perigosa a postura de defender a eleição como uma extensão de minhas afinidades pessoas ou familiares, votando em quem me favorece com benesses. Agindo dessa forma, não contribuo para que a política seja o espaço onde as tramas e teias da vivência democrática são tecidas com os fios e cordéis das demandas e carências da população que reclama saúde, educação, moradia, transporte, lazer.

Uma pequena reflexão necessária antes da confirmação dos botões das urnas eletrônicas.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Mariana Moreira

Mariana Moreira

Professora Universitária e Jornalista

Contato: [email protected]

Mariana Moreira

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