Recital do poeta Tantino Cartaxo
Por Francisco Frassales Cartaxo
Constantino Cartaxo completou 89 anos, terça-feira, dia 5. Dia de comemorar tantos julhos vividos, mas este ano a festa vai ser na sexta, dia 8. Festa? Festival! O Recital, Memórias, de poesias selecionadas, será à noite em João Pessoa. Quem sabe, nessa idade a memória enfraquece e Tantino busca avivá-la com poemas de sua autoria e, também, do poeta Cristiano Cartaxo Rolim, seu pai, inspirador e modelo. Modelo no plano poético, bem entendido, com apego à rima, alheio às mutações da arte de expressar emoções aos pedaços, às vezes, instigado por um engenho de pau.
Tantino é um declamador.
Seu pai teve dois declamadores preferidos. Um, era Marechal, cognome de Joaquim Sobreira Cartaxo, sobrinho unilateral de Cristiano. O outro declamador de seu agrado era o próprio filho, Tantino, apelido que já nasceu com esse. No palco, Marechal era mais dramático do que Tantino. Gordo, barrigão, voz empostada, gesticulação um tanto quanto exagerada. Ficava quase irreconhecível, na minha avaliação adolescente. Meu pai vibrava, seguindo com movimentos labiais e pequenos tremores na face, olhos fixos na total entrega do afilhado ator. Tantino, outra geração, se iguala a Marechal. O cimo da montanha, longo e denso poema de Cristiano Cartaxo, era o teste maior para o velho poeta, filho do major Higino Sobreira Rolim. Essas lembranças afloram, agora, com força e espontaneidade.
Tantino é poeta à antiga.
Com uma diferença enorme para seu pai. Cristiano tinha a marca do desleixo. Sua produção poética se perdeu entre manuscritos e jornais velhos. Nunca se interessou em organizá-la. Foi salvo pelas filhas. E por Mozart Soriano Aderaldo, genro intelectual, que tomou a iniciativa de selecionar Quarenta Sonetos em livro, publicado em 1957. Os filhos lhe seguiram o caminho e, vinte anos depois, organizaram a Musa quase toda, quando o pai já poetava no céu.
Tantino, não. Apesar da aversão, até computador usou. Em 2001, divulgou suas Emoções aos pedaços, depois veio Engenho de pau, (2007) e, em 2013, o CD Recital: engenhos de emoções. Ele mesmo cuidou de tudo. Quase tudo. Agora, enquanto não chegam os noventa anos, se esmera em proporcionar recitais e em brindar com bom uísque seus ouvintes. Recitais? Isto mesmo. Nesta sexta, será em João Pessoa. No mês de agosto em Cajazeiras.
P S – João Pessoa: Dia 8, sexta-feira, 19:30, no Auditório do Empresarial DCT – Rua Empresário Clóvis Rolim, 2051, BR 230, bairro dos Ipês.
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*Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras
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