Reciclagem de lixo e cidadania

Coluna de Francisco Frassales Cartaxo - foto: SECOM-CAJAZEIRAS

Por Francisco Frassales Cartaxo

Cajazeiras possui usina de processamento de materiais recicláveis. Insignificante, na aparência, é empreendimento sério, como sério também é o parceiro da prefeitura, o Instituto Recicleiros, OSCIP paulista, que atua há mais de dez anos. Orienta a implantação, treina pessoal, incentiva a educação da sociedade a adotar práticas de desenvolvimento sustentável. A ação aglutinadora da prefeitura levou a essa saída técnica para tentar resolver o grave problema da coleta e do destino do lixo. A origem dessa iniciativa mostra requisitos fundamentais, como conhecimento, informação, senso de oportunidade e ousadia.

O embrião já existia na coleta e venda de recicláveis. Precisava organizar as ações. Agora começa nova fase. A usina dá firmes passos para evitar atropelos, causados pelo improviso e o desleixo. Em outros termos, estamos diante de ação planejada, aliás, prática em carência no Brasil e, em particular, em Cajazeiras há décadas. Em sete meses de funcionamento, a usina já processou mais de 80 toneladas de materiais recicláveis. E está gerando emprego-cidadão. Os que exerciam ou passaram a desempenhar as funções primárias de catar lixo são cidadãos e cidadãs vinculados à Cooperativa Recicla Cajazeiras. Iguais a qualquer trabalhador. Assim, sem preconceito, deve ser visto quem recolhe e cuida do lixo, matéria prima para muitos usos.

Acompanho à distância com enorme alegria, eu que já escrevi crônica nascida de papos com uma catadora de lixo, que vejo três dias da semana em minha rua, e com quem converso de vez em quando.

Falei acima em requisitos de conhecimento, informação, senso de oportunidade e ousadia. Não o fiz aleatoriamente. Com olho clínico, o prefeito José Aldemir atraiu para cuidar de graves problemas ambientais de Cajazeiras, uma bióloga com formação acadêmica, ainda em processo de qualificação a fim de obter o título de doutora. E a tese? Defendeu em 2021. E o tema? Formulação de modelo de participação social na gestão ambiental em nível de município… em “tradução livre” para o sofisticado linguajar usada na Universidade.

A secretária Brankinha Abreu, portando conhecimento e informação, teve o senso de oportunidade de ousar submeter o município de Cajazeiras a uma competição nacional, promovida pelo Instituto Recicleiros. Cajazeiras foi selecionado, ao lado de outros três municípios do Nordeste. A alegria agora é de todos os cajazeirenses, em particular, do prefeito Zé Aldemir.

Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras

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Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]