Profissionais da saúde e o deboche de Jair B
É como se o Planeta estivesse em chamas. Em todos os países é grave o quadro de doentes e mortos, provocado pela covid-19. Varia apenas a intensidade dos danos humanos, econômicos, sociais. Só mais adiante conheceremos as causas reais dessas diferenças e o impacto efetivo da tragédia. Por enquanto, prevalece uma nuvem cinzenta, às vezes, carregadas de vírus ideológico mais do que a busca científica da verdade. As consequências do coronavírus, porém, já estão à mostra, sobretudo, na perda de vidas.
A morte é o efeito mais dramático.
Até domingo, dia 24, registros oficiais indicavam mais de 347 mil óbitos em 180 países, mais de 99 mil só nos Estados Unidos. Este país supera três vezes os quase 33 mil mortos na Itália, o 3º da lista macabra. O Brasil, o 6º, aproximou-se naquele dia das 23 mil vítimas fatais. Parece pouco quando comparado com a Itália. Mas não é. Existe uma diferença fundamental: nos Estados Unidos e na Europa a evolução do vírus já se encontra em declínio, enquanto no Brasil está em plena ascensão. Mesmo nos estados onde mais avançou, como São Paulo, Rio, Ceará, Pernambuco. Estes lugares, segundo consistentes avaliações, ainda não alcançaram o pico da curva evolutiva do covid-19. Isso significa que, ao final desse pesadelo, nosso País teria dolorosa quantidade de mortos.
Mesmo assim, com a progressão de mortes a cada dia, teima-se em dividir o Brasil. Mais grave ainda, essa teimosia parte de quem recebeu do povo o mandato de presidente da República. Na maioria das nações, os dirigentes tiveram lucidez. Construíram uma união política e administrativa para combater o coronavírus, deixando de lado mesquinhas arengas partidárias e interesse subalternos. Aqui não. Aqui se chega ao cúmulo de Jair B sugerir o uso de medicamento de eficácia duvidosa, por cima do parecer contrário da maioria dos especialistas do mundo inteiro e da OMS. Por quê? Para vender a ilusão da cura, embora ele mesmo fale nos efeitos colaterais, que, aliás, podem levar até ao óbito!
Jair B expõe-se ao ridículo ao mandar editar um protocolo (documento privativo da ciência médica), sem assinatura, baseado em premissas duvidosas. Em todo esse período tormentoso, Jair B, ao invés de assumir seu papel de chefe máximo do Poder Executivo, como fazem quase todos os dirigentes nacionais no mundo inteiro, vai para as ruas insuflar seus devotos. Ele desfaz com os pés o que a ciência tenta construir com a pesquisa e a inteligência. E transforma assunto específico da medicina em questão política rasteira. Puro salvacionismo de porta de mercado. E ainda berra tiradas de falso messias.
Imagino o que estão pensando disso tudo os profissionais da área da saúde. Médicos, fisioterapeutas, enfermeiras, técnicos em enfermagens, psicólogas, assistentes sociais e toda a rede de prestadores de serviços auxiliares. Milhares de profissionais expostos, na sua incansável e perigosa dedicação diária, ao contágio do vírus, isolados dos familiares pelo perigo iminente de contagiá-los. Esses profissionais correm o grave e sério risco de adoecer e morrer na luta para salvar vidas humanas. E de fato, muitos adoecem e morrem. Todos os dias. Aqui em Pernambuco, mais de quatro mil contraíram a covid-19!
Em algumas situações, na antessala de uma UTI lotada, médicos são obrigados a tomar decisão traumática: quem vai entrar na UTI ou quem permanece na fila à espera da morte! Isso não é fantasia de escritor. É real. Esse tormento psicológico é vivido, diariamente, em alguns hospitais do Brasil.
E fora dos hospitais?
Lá fora, o presidente Jair B debocha da morte. “Quem é de direita toma cloroquina, quem é esquerda toma tubaína. Entendeu”! Diz e repete, entre gargalhadas! Santo Deus!
Isso é lá presidente!
Presidente da Academia Cajazeirenses de Artes e Letras – ACAL
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