Primeiro Moreira na câmara municipal
Por Francisco Frassales Cartaxo
São escassas as informações sobre a política de Cajazeiras nos anos de 1930, mesmo sendo um período rico em mudanças, também, no cenário nacional e paraibano. Essa lacuna talvez seja pela ausência de jornais cajazeirenses naquele tempo, salvo O Rio do Peixe, ao contrário da década anterior, quando aqui circularam cinco periódicos e a revista Flor de Liz. Historiadores, cronistas, memorialistas pouco falam dessa quadra em seus escritos, muito embora a eleição municipal, realizada em 9 de setembro de 1935, seja a primeira disputa direta e secreta sob a égide da nova ordem democrática da vida brasileira, inaugurada pela Revolução de 30. Além disso, aquele pleito foi ponto de inflexão no comando do poder local, a última pá de cal na hegemonia do principal bloco partidário de Cajazeiras, chefiado, desde o Império, pelo comandante Vital de Sousa Rolim e seu filho, o coronel Sabino Rolim.
Mês passado, tive acesso a um documento que esclarece alguns pontos obscuros de nossa história política. Trata-se do diploma, com data de 11 de dezembro de 1935, expedido ao vereador Christiano Sobreira Cartaxo pela Junta Apuradora do 5º Círculo Eleitoral da Parahyba. Encontrei-o entre os papeis deixados por minha falecida irmã Maria Ilina. O diploma traz a relação dos vereadores eleitos e dos suplentes das duas legendas formadas naquele ano. O Partido Popular Cajazeirense, (do prefeito eleito, coronel Joaquim Matos) e a Legião Católica, (do derrotado, médico Vital Cartaxo Rolim). Nove vagas para vereadores estiveram em disputa, apresentando as legendas igual número de postulantes. 1.025 eleitores compareceram para votar nas quatro seções eleitorais, então existentes.
A legenda do cel. Matos, o PP Cajazeirense, obteve 659 votos, fazendo seis vereadores: Christiano Sobreira Cartaxo, Cândido Simões dos Santos, José Gonçalves de Assis, Júlio Marques do Nascimento, Octacílio de Guimarães Jurema e Abel Moreira da Nóbrega. Os três suplentes foram Vicente Feitosa de Alencar, Pedro Gonçalves da Silva e Antônio Aquino de Albuquerque. A Legião Católica elegeu três vereadores: Galdino Pires Ferreira, Sebastião Bandeira de Mello e José Magalhães, ficando na suplência Themotheo Pereira, Vicente de Souza Barreto, Thomé Mendes Ribeiro, Solidônio Jácome de Araújo, José Lyra Campos e Francisco Lorêto Rolim.
O diploma é assinado pelo presidente da Junta Apuradora, com sede em Sousa, Maia de Vasconcelos. No seu verso, o escrivão eleitoral de Cajazeiras, Dimas Sobreira Andriola, certificou, em 27 de janeiro de 1936, “que o cidadão Christiano Cartaxo Rolim, prestou o compromisso legal de Vereador deste município”. Assim, Dimas corrigiu o nome do vereador mais votado daquela eleição. Não consegui identificar todos os vereadores e suplentes, a exemplo de Pedro Gonçalves da Silva, José Magalhães, José Lorêto Rolim. Como o nome do poeta Cristiano Cartaxo foi grafado erradamente, outros nomes podem estar errados também.
Na lista estão personagens influentes na sociedade de Cajazeiras daquele tempo, entre outros, Galdino Pires, José Lyra, Sebastião Bandeira, Otacílio Jurema, Júlio Marques. No meio deles, quero realçar o vereador Abel Moreira da Nóbrega, o primeiro membro da numerosa família Moreira a exercer mandato eleitoral. Eleito, certamente, com os votos de seus parentes e amigos, moradores na zona rural vizinha ao então povoado de Catingueira, que seria elevado à condição de distrito em 1938, com o nome de Cachoeira dos Índios, e transformado em município em 1961.
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