Prefeitura de Cajazeiras invadiu a praça
O prefeito Otacílio Jurema decidiu construir novo prédio para a prefeitura de Cajazeirasna praça onde se realizara, em 1939, o Congresso Eucarístico. Promoveu reunião para expor as razões da escolha daquele local, apoiando-se em equipe técnica, chefiada pelo engenheiro LeonClerot. Otacílio escutou opiniões contrárias, masfez ouvido de mercador.
Cristiano Cartaxo foi contra.
Ealinhoumotivosrelevantes, divulgadosno Correio do Sertão, jornal da diocese de Cajazeiras.Veja trechosselecionados do artigo de junho de 1953.
“Os argumentos trazidos à baila favoráveis à construção do prédio não resistem a uma crítica desapaixonada, isenta de possíveis influências político-partidárias, ou opiniões personalistas. Reflitamos um pouco: a construção em apreço importa numa flagrante incoerência de lesa-administrações passadas. Lembramos o que foi dito na sessão: o prefeito Manuel Lacerda demoliu o prédio residencial que limitava a Praça Mãe Aninha e Monsenhor Constantino Vieira; Coronel Joaquim Matos, após entendimentos com o Sr. bispo D. João da Mata Amaral, demoliu a capelinha do Sagrado Coração de Jesus para alargar a praça que hoje traz esse nome; o prefeito Arsênio Araruna indenizou as duas casas que confinavam a área em frente a atual Catedral, marcando o Dr. Otacílio Jurema o início de sua administração com a demolição destes prédios. Todos esses feitos receberam aplauso unânime da cidade”.
“Como é que agora se pretende construir um prédio em proporções avantajadas na única praça que realmente merece esse nome? A ignorância disso que tem constituído uma das preocupações maiores dos nossos edis, e mais o olvido ou desconhecimento da maior festa que não Cajazeiras apenas, mas todo o sertão dos estados limítrofes num raio de léguas e mais léguas já presenciaram: o Congresso Eucarístico de 1939”.
“Como é que se pretende tão já apagar todo o esplendor e toda a grandeza desse acontecimento orgânica e espiritualmente ligado às nossas tradições? O por que devemos nos bater é pela feição estética desse logradouro público, tornando-o um ponto de preferência das nossas famílias tão necessitadas de vida social noturna”.
“Acreditamos que o dr. Otacílio Jurema, joeirando os prós e os contra da opinião pública, representada pelas pessoas presentes à sessão, acreditamos que o sr. prefeito municipal, cioso de não incidir na pecha do quero, posso e mando, filiar-se-á aos que superpõem razões de ordem histórica, social e do coração à dialética apressada dos que não têm motivos de estimar de modo todo especial a nossa terra. O próprio dr. Clerot,que não morre de amores pela construção do prédio na praça do Congresso, disse num dado momento do debate: moncoeur ne balance pas. Realmente, a questão é mais do que coração e do amor à terra. E é em nome desse sentimento filial, em nome das pessoas que vivem, trabalham, lutam, amam e sofrem conosco, filhos pelo nascimento ou filhos pelo coração, em nome de quantos assistiram ao Congresso de 1939, em nome dessa vontade de acertar do sr. prefeito municipal procurando auscultar o sentir do povo de Cajazeiras, em nome desse povo que se opôs à construção do Banco do Brasil na praça Coração de Jesus, pedimos sem vacilar, não tergiversar em remover corajosamente o impasse não construindo o prédio da prefeitura na praça do Congresso”.
O artigo completo estáno livro Rima e prosa de Cristiano Cartaxo, lançado dia 18 na FAFIC.
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