Porque sou petista?
Por Mariana Moreira
Sou filiada ao Partido dos Trabalhadores e sou militante. Não tenho nenhum pudor em assumir essa posição. Afinal, lutamos contra ditaduras, truculências, autoritarismos para construirmos, para todos, a prerrogativa da opção partidária livre e afinada com suas convicções e interesses.
A minha filiação partidária e, consequentemente, minha militância, não ofusca minha capacidade de entendimento e discernimento. Tenho clareza da fragilidade do nosso sistema político-partidário que, até tempos recentíssimos, permitia o financiamento privado de campanhas políticas e de candidaturas em um procedimento que dava ampla margem para a promiscuidade do poder econômico que se sobrepunha aos interesses dos grupos sociais menos aquinhoados. Com isso, legislativo e executivo, em todas as suas instâncias, orientavam ações e políticas movidas mais pelo atendimento aos interesses de quem os financiou, negligenciando a adoção de políticas sociais que atendessem a grande parcela populacional. Uma prática protegida e encapsulada pela blindagem da grande mídia e do judiciário mascarando a corrupção e favorecendo a apropriação do público pelo privado.
O Partido dos Trabalhadores, que tem como ventre a ação dos trabalhadores de um país mergulhado em uma de suas mais ferrenhas ditaduras, traz como princípio a luta por relações e práticas políticas transversalizadas pela convivência democrática e que imprimam a marca da ética e de moralidade da vida pública. Princípios que orientem ações e projetos no sentido de reversão de um quadro de pobreza absoluta que envolvia um terço da população do país.
Mas o PT não é um partido político de anjos e santos. Também não atua em um cenário de “céu de brigadeiro”, de um mundo todo “azul com bolinhas brancas”. São homens e mulheres que buscam construir práticas políticas diferentes e éticas, mas em uma conjuntura fortemente dominada por vieses e culturas patrimonialistas, do favorecimento pessoal e a grupos, do público convertido em feudo de “coronéis”, de verbas e licitações “batizadas” com favorecidos antecipadamente conhecidos, com uma compreensão de serviço público como “casa de Noca”, onde todos mandam e ninguém obedece. Neste palco, a corrupção também contagia e se enfronha nos governos petistas. Mas, com uma imperativa e enfática distinção: o Partido dos Trabalhadores, em nenhum momento, foi tolerante, ou negligente com qualquer dos seus membros que tenha, comprovadamente, cometido práticas que ferem os princípios éticos do partido. E, nesse entendimento, desde o Governo do Presidente Lula, todas as condições materiais, financeiras, políticas e de autonomia foram propiciadas para que as entidades e organismos que trazem a responsabilidade de averiguar as irregularidades envolvendo agentes públicos trabalham com isenção, sem ingerências e protecionismos.
Mas, isso não é suficiente quando temos uma mídia que deturpa, desinforma e conforma notícias e mentalidades em consonância com seus interesses. Quando temos um judiciário que, sem qualquer controle, age, em muitos momentos, como poder paralelo e supremo, ao arrepio de qualquer senso de imparcialidade.
Por tudo isso, prefiro continuar militando e defendendo um partido político que tem a dignidade de reconhecer seus erros, mas que, enquanto prática e ação política vêm promovendo uma verdadeira revolução no país. Para indignação de uma minoria que, vendo a casa grande ruir, se apega aos derradeiros farelos do reboco carcomido de suas pretensões de colonizador.
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