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Francisco Cartaxo

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Por que cresce o antipetismo?

30/11/2014 às 18h41

O Partido dos Trabalhadores contratou uma pesquisa a fim de avaliar melhor o grau de rejeição ao partido. Embora já conheça o antipetismo revelado nas últimas eleições, sobretudo em São Paulo, o PT quer identificar as causas reais do fenômeno, sua extensão geográfica etc. A pesquisa servirá para mudar sua atuação. Quer, por exemplo, resgatar valores históricos e reconectar o PT aos movimentos e grupos sociais, dos quais vem se afastando nestes anos de governo. O resultado da pesquisa será objeto de debate no 5º Congresso, a realizar-se em Salvador, em junho de 2015. 

Por que cresce tanto o sentimento antipetista? 

Em torno desta pergunta haverá muita discussão interna, virtual e olho no olho. Longe de mim a pretensão de ensinar Padre Nosso a vigário, mesmo porque nem petista sou. Mas arrisco uns palpites para ajudar a reflexão dos filiados ao PT, afinal, como eleitor eu sufraguei o nome de Lula em todas as suas disputas presidenciais e o de Dilma em 2010. Isso me deixa à vontade para falar sem salamaleques das causas notórias do crescente desbotar da bandeira vermelha, a despeito da grande obra de inclusão social, em particular, por meio de transferência de renda e do acesso ao ensino superior a amplas camadas historicamente excluídas das políticas públicas. 

A primeira decepção do PT foi jogar no lixo princípios éticos. Princípios que faziam dele um partido diferente dos demais, graças as suas raízes históricas, fincadas em três firmes bases sociais: os trabalhadores sindicalizados, os do ABC paulista à frente; as comunidades cristãs formadas nas lutas democráticas e sociais da Igreja; e a adesão de parcelas da intelectualidade comprometida com grandes causas populares. Tal base social dava ao PT um charme até então ausente em agremiações partidárias brasileiras em toda nossa história. O PT, portanto, nasceu diferente, cresceu diferente, proclamou-se diferente durante vinte anos. Até quem não era petista sentia certo orgulho da trajetória de um partido que ostenta em sua direção um líder operário, nascido no Nordeste e formado nas lutas sindicais do Brasil moderno. Aqui há um “porém”. Ao chegar ao poder, o PT desmentiu na prática muito do que pregou ao longo de vinte anos. Mal subiu a rampa do Planalto, a conversa mudou:

– Ora, “eles” não fizeram assim? Por que “nós” não podemos fazer? 

– Mas, companheiro, o PT não é diferente? 

O PT entrara no caminho da perdição. Logo no começo do seu primeiro governo, para não ter problemas com as finanças internacionais, Lula foi buscar no PSDB, o então deputado federal Henrique Meireles e lhe entregou o comando do Banco Central. Quem chiou naquela época, engoliu em seco. Mas justificavam, isso é uma tática para acalmar o mercado, que andava ouriçado com o sapo barbudo! Tática uma ova. Meireles saiu quando bem quis. A gente até esqueceu que ele, neoliberal, acabara de presidir o Banco de Boston… 

Vamos em frente. Para realizar as reformas prometidas à sociedade brasileira, o PT precisava ficar mais tempo no governo. Que fazer? Agir como “eles” faziam. Fácil, fácil… O PT convocou Marcos Valério, consultor financeiro, experiente operador do mensalão do PSDB mineiro. E o PT fez do mesmo jeito “deles”! Deu no que deu. Agora, a gente sabe, não eram apenas as travessuras engenhosas do Valério. O PT montou um esquema de corrupção, no qual a Petrobras se tornou peça chave. Mas isto fica para o próximo artigo. 


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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