Pobre Saramago
Pobre Saramago. Morreu.
Homem que fez portugueses se envergonharem de sua cidadania, agora está contemplando quem combateu.
Não diria que o pobre Saramago fosse ateu. Não creio que eles existam. O que chamam de ateísmo é somente uma das maneiras de relacionar-se com Deus, negando-o. O pobre Saramago não era ateu. Era somente um daqueles inúmeros anticlericais que surgiram ao longo da história e que sentiam um prazer quase que sexual em falar da Igreja.
A negação de Deus no pobre Saramago é apenas um acessório. Além do mais, combater a Igreja rende dinheiro e apoio público. Nada mais lucrativo do que falar mal da Igreja.
O pobre Saramago compreendeu bem isso e seus livrinhos lhe garantiram uma vida bem estável. Imaginem que até mesmo o Nobel ele conseguiu (se bem que, instituição desmoralizada).
Que será do pobre Saramago?
Imagino que os céus se abriram para ele. O Deus combatido pelo pobre português o recebeu com festa.
É aquela velha história: o feitiço virou contra o feiticeiro. Ou, numa linguagem mais cristã, Deus é bom.
Ele, no início dos tempos, já previa a petulância de quem não acreditaria nEle e chegaria a dizer que “meu Deus é esta nota de cem reais”, ou, como um antigo comerciante de Cajazeiras, sentaria num barril de gasolina e desafiaria a Deus, urrando que, “se Deus existe, que exploda este barril”.
Gostaria muito de contemplar o rosto de um ateu entrando no céu. Deve ser um espetáculo sem nenhuma comparação.
Daria tudo para estar ao lado do pobre Saramago, entrando no céu e sendo acariciado por Deus; este, alegre por tê-lo recebido, aquele, arrependido por tê-Lo negado.
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