Pitacos de uma cidadã cajazeirense
Recentemente fui agraciada com a cidadania cajazeirense, numa gentil deferência do vereador Jucinério Félix. Muitos estranharam esta concessão pela minha entranhada identificação com a cidade de Cajazeiras. E, na verdade, nasci cidadã cajazeirense.
Na época do meu nascimento o então Distrito de Cachoeira dos Índios, por todos chamados de Catingueira, pertencia ao município de Cajazeiras.
Somente três anos depois, em 20 de setembro de 1962, meu pai, seguindo a tradição e o costume da época, – de deixar nascerem vários filhos para, então, fazer o registro civil -, junta os dados de três filhos e vai ao Cartório do nascente município de Cachoeira dos Índios. Civilmente, portanto, nasço cidadã cachoeirense. Mas, aos dez anos de idade, passo a morar em Cajazeiras, pelo menos, durante grande parte do ano, frequentando o Colégio Estadual.
Como moradora dessa cidade aqui sempre busquei vivenciar minha cidadania com responsabilidade, mas, sobretudo, com participação e envolvimento com as questões sociais. Uma experiência de vida que procurei e procuro vivenciar tendo como princípio norteador a ética, o respeito à diversidade, o estranhamento ao cotidiano e a intolerância com injustiças e opressões, de qualquer e de toda ordem.
Buscando agir assim acredito que tento ser uma cidadã cajazeirense.
E, como tal, independente do lugar de nascimento, ou do assentamento num registro civil, procurei e continuo buscando, nas interações e articulações com companheiros, assentados, docentes, alunos, lideranças sociais, escritos, trilhar veredas que dignifiquem gentes, mundos e bichos.
Dessa forma, Cajazeiras sempre foi, depois de Impueiras, o meu lugar e minha posição de cidadã.
E hoje, com a cidadania cajazeirense, me sinto mais comprometida com esta cidade e sua gente.
Uma cidade que desejo ver mais humana.
Com ruas mais habitáveis de verdes e sonhos.
Com o Morro do Cristo Rei despido de suas antenas e parafernálias eletrônicas, e sendo apenas e tão somente um aprazível lugar de apreciação de um dos mais belos por do sol do mundo. Sob as bênçãos do filho de Deus.
Uma cidade com grandes praças e parques onde bicicletas, pipas, baralhos, cestas de piquenique, cantos de pássaros e cochilos convivam no repositório de energias e sonhos para novos amanhãs.
Uma cidade que guarde a água da chuva que ainda escorre em seus telhados na direção do nada, mas que falta para tantos em tempos de escassez.
Uma cidade que não tenha no seu Açude Grande apenas um espelho a refletir, nas suas poluídas águas, o infinito azul do céu de setembro.
Uma cidade que planeje as próximas gerações com organização urbana, crescimento e expansão, trânsito e trafego de veículos e gentes.
Uma cidade que pense na educação e na saúde não apenas como peça de publicidade eleitoral, mas como política de Estado que considere profissionais e população como sujeitos de direito.
Que veja os cajazeirenses não como servos ou assujeitados de interesses paroquiais e eleitoreiros, mas como seres humanos onde a dignidade se instala e se constrói com salário digno, com alimentação saudável, com assistência de saúde, com escola de qualidade, com segurança, com lazer e, sobretudo, com prazer.
Mariana Moreira
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