Padre Raimundo, o Decano da Diocese de Cajazeiras
O padre Raimundo Honório Rolim vai lançar um livro, com capítulos da sua caminhada de 83 anos, cujo titulo já nos dá uma dimensão da grandeza desta obra: “Vida e Missão Atropeladas”, onde relata acontecimentos de sua vida e ressalta o valor do povo e das comunidades “em que esteve envolvido”.
Na última quarta-feira me entregou um exemplar de “sua vida atropelada” e na oportunidade nos demoramos numa longa e deliciosa conversa. É sempre muito bom conversar com Padre Raimundo, que irá completar no dia 18 de novembro 84 anos de vida e sobre esta data explica: “nasci em plena ebulição da Revolução de 1930 e por teimosia”.
O livro narra episódios de sua “atropelada” vida e ao começar a ler, não dá mais vontade de parar. Quem conhece o padre Raimundo sabe que ele é de falar pouco, mas é um homem de ação, coragem, destemor e de muita fé e consagrou toda a sua vida à igreja e ao trabalho.
No livro, narra vários episódios, todos esclarecedores, e que nos enriquece com dados e fatos marcantes de nossa/sua história e nos dá uma valiosa colaboração sobre o cotidiano do nosso povo e a sua relação cidade/campo, já que também ficou conhecido como o padre agricultor, que lavrava a terra para dela tirar os frutos, exemplo igual ao do Padre Rolim, que também assim procedia.
Muitos são os episódios que marcaram a vida deste cidadão de uma humildade ímpar e de conceitos irreparáveis e que tem uma grande folha de serviços prestados a Cajazeiras e em especial a nossa Diocese.
Quem não se lembra do episódio em que cercou, de arame farpado e estacas de jurema, a igreja de Nossa Senhora de Fátima (primeira Catedral de Cajazeiras), para evitar que os foliões do carnaval, que era realizado na Praça João Pessoa, transformassem o patamar da igreja num motel e suas laterais de “mijadouro”? E da “briga” com a Saelpa que queria cobrar a iluminação pública em torno da igreja? Foi aplaudido pelo povo.
Padre Raimundo foi sempre muito pontual nas celebrações religiosas e num sábado teria que realizar um casamento e antes das cinco horas da tarde já estava no altar, ao lado do noivo que esperava a noiva, mas como a mesma estava demorando muito padre Raimundo chegou pertinho do fotografo (que era José Cavalcante) e cochichou no seu ouvido: “avise aí que vou jantar e só faço o casamento agora depois da missa”.
Já pertinho das seis horas entra, triunfalmente a noiva, bela e sorridente e é recebida pelo futuro marido e se postam diante do altar e alguém falou: chama o padre aí! Mas os noivos foram avisados pelo fotografo: “não adianta ir chamá-lo que ele não vem e já deixou um recado: só faz o casamento agora depois da missa”.
A noiva estrebuchou, chorou, esperneou e dizendo que não ia mais casar, mas foi consolada e se conformou com a decisão do padre, que tinha outro compromisso com seus pontuais fiéis para celebrar a tradicional missa das sete da noite da Igreja Matriz. Os nubentes e convidados tiveram que assistir a missa.
Então, depois da missa, o casamento foi celebrado e os noivos vivem felizes até hoje. Muitos outros e belos exemplos, por padre Raimundo são narrados, mesmo sendo muitas vezes atropelados.
Descendente dos fundadores de Cajazeiras, já que era primo por parte de mãe e sobrinho por parte de pai de um dos mais ilustres filhos de Cajazeiras, o Padre e Mestre Inácio de Sousa Rolim, e talvez seja o mais próximo parente de Padre Rolim ainda com vida, em Cajazeiras.
Padre Raimundo, dentre os dez irmãos, tem José Lins Rolim, o mais velho, que é Geólogo, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e com pós-graduação na França, que está com 92 anos de idade, foi professor da Universidade Federal de Pernambuco e reside na cidade do Recife. Outro irmão, Antonio Lins Rolim, também tinha curso superior: era Bacharel em Direito, formado pela Universidade Federal da Paraíba, onde foi professor, já falecido e sepultado na cidade do Recife.
Disse-me ele que tem mais escritos que dá outro livro e que pretende publicá-los junto com assuntos da área social e dogmática. Ficamos aguardando o lançamento do seu próximo livro, caríssimo Padre Raimundo, que com certeza vai traduzir o pensamento mais uma vez do honrado e humilde cidadão que Cajazeiras tem por obrigação reverenciar e admirar.
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