Os rumos do segundo turno
Por Francisco Frassales Cartaxo
No segundo turno os dois candidatos buscam apoio de partidos e figuras emblemáticas, e a comunicação direta com o eleitor. Até agora, só Simone Tebet foi didática, firme, convincente. São trunfos preciosos. Quero realçar entre esses trunfos, o apoio de governadores eleitos ou reeleitos, chamando sua atenção para Minas Gerais.
Lula entra no turno com a vantagem de seis milhões de votos, graças à grande votação no Nordeste, um pouco menos no Norte e em Minas Gerais. Neste estado, o governador Romeu Zema foi reeleito por ter boa avaliação, dizem, e pela fragilidade dos concorrentes. O seu Partido Novo apresentou candidato próprio à presidência da República, deixando-o em confortável neutralidade frente aos dois postulantes que polarizam o pleito presidencial. O que vimos? Mais que depressa, Zema anuncia sua adesão a Bolsonaro. Que surpresa! Ora, o candidato do Novo, Felipe D’Ávila, no último debate da Globo, quase ultrapassa o padre-ator (?) no desempenho do papel de provocador de Lula. Com seu ar de bom moço, laranja melhor não poderia haver.
Minas Gerais é o segundo colégio eleitoral.
Importa especular se terá eficácia o apoio do jovem governador mineiro, dono de rede de lojas, defensor de mudanças radicais nos costumes políticos, propaladas pelo Partido Novo, autoproclamado de inovador e puro. Em outros termos, Zema tem capacidade de transferir votação significativa para Bolsonaro?
Tenho minhas dúvidas.
Dúvidas baseadas na análise dos resultados da eleição mineira. Antes, porém, lembro que sua vitória, em 2018, foi tremenda zebra. E Minas passou a ser vitrine da consolidação do Novo, com seus postulados liberais a pregar o estado mínimo, finanças equilibradas, gestão tecnocrática e por aí vai. Alguma coisa deu certo, por isso Zema se reelegeu, mas o eleitor não entendeu assim, tanto que não deu a mínima para o crescimento do Partido Novo.
Sabe por quê?
Zema não conseguiu reeleger o único deputado federal do PN, que sequer alcançou o quociente eleitoral! E levou apenas dois deputados à Assembleia de Minas. Logo ele que precisa de uma bancada numerosa. Daí minha dúvida: quem não teve condições de transferir prestígio e votos para eleger deputados, pode ajudar Bolsonaro? Talvez usando a máquina, como faz a velha política.
P S – Em Minas o PT elegeu 12 deputados estaduais, que, juntos ao do PSOL, PV, PSB, Rede, PC do B e PDT, passam de vinte. No Brasil o Partido Novo elegeu 3 federais. Virou nanico!
Autor do livro Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero
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