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José Anchieta

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Oração do ser

03/02/2011 às 08h14

A vida é mestra e muitas são as suas lições. O bom discípulo está sempre atento e não deixa escapar uma só de suas prédicas. Não há tempo para intervalos e os que insistem em descansar vão ficando para trás.

Somos corpo e alma. Eis a máxima preleção que começa e tem um fim, ao final.

Vejam quem dorme: todos os dias e sempre, o sopro divino infla o coração do vivente com um hálito renovado que vem das entranhas do Criador. A noite foi benfazeja e a tímida aurora prenunciam nova faina. Revigorado do dia anterior, eis o corpo novamente para a luta. Músculos e articulações, numa singular harmonia, contribuem para a locomoção eficaz. Pulmões, coração, estômago, fígado, pâncreas e todos os órgãos, como dedicados músicos de uma orquestra, executam uma só melodia: a sinfonia do ser.

A alma, não menos engajada neste processo vital, evidencia a essência do que desperta: homem que, percebe-se e, percebendo-se, se dou conta de que existe. Só o homem é capaz disso, mais nada (aliás, do nada, nada vem).

“Penso, logo existo”, bradou Descartes lá de um longínquo 1596, alertando para os seus que o vivente humano se sobressai, diferentemente dos que não têm idêntica alma. Sabe que existe e porque existe. E presta contas a si mesmo de sua existência. É homem, é mulher. É razão: inteligência e vontade. Mas, pode ser menos homem: menos inteligente e menos livre.

O mais frágil de todos os viventes, mas, ao mesmo tempo, o mais forte. Delicado e rude, vigoroso e manso. Santo e pecador. Alma e corpo. Aquela não morre. Este morre, mas não pra sempre. Vai ressuscitar, um dia. No último dia.

Corpo, alma, matéria, espírito… razão, fé… homem, Deus, Deus, homem.

E, de um sobressalto, o que acorda não deixa de, corporalmente, juntando as mãos e fechando os olhos, elevar a alma aos céus e agradecer pela noite que passou. Pela treva que fugiu. Pelo sol que já raiou. Pelo dia que triunfou. Pela vida…

Eis-me aqui para mais um dia. Será só este ou haverá outros? Não sei. Quantos forem, que meu corpo e minha alma contribuam para evidenciar o maior de todos os milagres por Deus realizado: o milagre da existência humana vivida conforme quer o seu autor.

Sou assim, da forma que Deus quer.

Con paciencia, el cielo se gana

José Anchieta

José Anchieta

Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB.

Contato: [email protected]

José Anchieta

José Anchieta

Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB.

Contato: [email protected]

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