O sonho de Michel Temer
Temer sonha com a reeleição. Ele e sua turma. Ao trio Moreira Franco, Eliseu Padilha e Romero Jucá se juntam outras experientes raposas políticas como Sarney. E até o preso Eduardo Cunha. Sarney veta ministro indicado por outro partido. Carlos Marun, o espalhafatoso escudeiro de Eduardo Cunha é ministro colado a Temer. É essa a turma que sonha com mais quatro anos de poder.
Sonha de olhos abertos.
Bem abertos para a evolução da economia e para as pesquisas de opinião. Temer exultou ao ver sua popularidade subir de 3% para 6%. Cresceu cem por cento, brincou, com os dentes na fresca… A estratégia dessa turma é faturar reformas estruturais (?) e adotar medidas populistas no campo social capazes de produzir efeito imediato na vida das pessoas. Algumas delas devem ser anunciadas, talvez, logo após o carnaval.
A turma de Temer manda no MDB.
Sonha em mexer com o imaginário do cidadão, reavivar a história do velho partido da resistência à ditadura e da mudança. Duas fortes lembranças de luta democrática. Que paradoxo, o MDB é hoje comandado por Jucá, cuja trajetória política em nada tem a ver com esse passado glorioso do MDB! Mas, política é assim mesmo, já se dizia na República Velha. A turma é pragmática. O MDB possui invejável capilaridade, o maior tempo gratuito no rádio e na televisão, a mais gorda cota dos fundos partidário e eleitoral. Trunfos fundamentais em tempo da Lava Jato, da proibição de doações empresariais. Por isso, não vai entregar a rapadura sem mais nem menos.
Um novo Itamar?
Em outro flanco, áulicos comparam o governo Temer ao de Itamar Franco, o vice de Fernando Collor, alçado à presidência da República. Realçam as semelhanças entre as duas situações para atiçar o imaginário da população em proveito de Temer, tentando despertar esperança e elevar seus índices de popularidade. Há quem embarque nessa canoa, cujo rumo, penso, ameaça espichar a tragédia política brasileira. As aparências enganam. Temer e Itamar entraram pela janela. Este tinha baixa popularidade e cresceu com o Plano Real. Até aí, tudo bem. Existem, porém, diferenças essenciais. Temer se segurou no barco às expensas do voto dos iguais. Votos daqueles que enxergavam na autorização para processá-lo, caminho por onde eles mesmos, os iguais, passariam mais cedo ou mais tarde.
Ah, os iguais!
Aqui repousa enorme diferença de atitudes entre Itamar e Temer. Há episódio emblemático. O chefe da casa civil de Itamar – seu amigo desde sempre e homem de sua inteira confiança -, Henrique Hargreaves, foi acusado de desviar recursos do orçamento da União. Itamar não titubeou, exonerou-o do cargo. Mais tarde, demonstrada sua inocência, Hargeaves volta à casa civil. Entrou e saiu pela porta da frente. Nada parecido com as atitudes de Temer na relação com seus ministros corruptos.
Se a estratégia falhar?
Caso falhem as previsões relacionadas com aspectos peculiares à figura de Temer, a turma acionaria o plano B: Henrique Meireles. Com isso, aprisionaria o PSD de Kassab, atrairia o empresariado, já seduzido pelo banqueiro que comandou a política monetária no tempo de Lula. Aqui talvez prospere a analogia com Itamar/FHC, desde que mude o clima geral inflado pela possível retomada do crescimento econômico, com geração de empregos, por mais insignificante que seja. Assim a roubalheira exposta pela Lava Jato ficaria em plano secundário, beneficiando gregos e troianos. Menos o Brasil, claro.
Falta o porém: combinar com o eleitor!
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