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Francisco Cartaxo

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O segredo de Rosilda Cartaxo Dantas

26/07/2021 às 19h37

Coluna de Francisco Cartaxo.

Por Francisco Frassales Cartaxo

A infância e a adolescência de Rosilda foram vividas em época conturbada da realidade econômica, social e política da Paraíba. Tempo do cangaço de Lampião, de grandes secas, de lutas partidárias, de rebeldias sociais e políticas, do assassinato do presidente João Pessoa e da revolução de 30. E mais, ela cresceu ouvindo narrativas de tragédias antigas dos Dantas e Rothéa e dos Cartaxo. Ao lado do pai, sofreu por ser “perrepista”. Mas isso fica para outra ocasião.

Agora quero falar de amor e paixão. Começo citando lembranças de Rosilda, registradas no livro autobiográfico Uma Rosa me contou…, publicado, em 2018, por Edna Marlowa Cartaxo Braga.

O amor adormecera na saudade do primo distante, mas ele sempre povoava meus sonhos. Crianças que fomos, adolescentes que amavam. (…).Não maldigo as horas em que nele pensei, mesmo com a certeza de perdê-lo. E pensando nele, eu não o perdi para a “outra”; perdi-o para a morte. Foi no carnaval, por isso não gosto deste evento! No Rio de Janeiro, Pepé morreu sem dizer adeus. O seu destino estava ligado à outra que a família determinara.

Esclareço o mistério.

O primo era Péricles (Pepé), filho de Cecília Matos e Adriano Brocos. (Não confundir com o sobrinho, homônimo, filho de Ica, também apelidado de Pepé). A mãe de Rosilda, Maria Cartaxo Dantas, era irmã de dona Sinhazinha – Maria Idalina Matos Cartaxo, esposa do coronel Joaquim Matos, em cujo casarão, Rosilda veio residir a fim de estudar no Colégio Padre Rolim. Portanto, Rosilda era sobrinha-afim do empresário mais rico de Cajazeiras, industrial progressista, eleito prefeito pelo voto direto em 1935.

Embora de famílias tradicionais, Rosilda era pobre. Vivia em São João do Rio do Peixe. A avó e a mãe de Pepé não viam com bons olhos aquele chamego entre os primos, as longas conversas, passeios, mão na mão, os olhares cúmplices. Elas queriam outro casamento para Péricles, que chegara do Rio, quando Rosilda já residia no casarão dos Matos… Resultado: o jovem foi mandado de volta para o Rio… Vazio ficou o coração da lourinha magra, irrequieta, inteligente.

Rosilda jamais esqueceu Péricles.

Muitos anos depois foi visitar o túmulo, no Rio, onde, certo dia, Pepé descera emudecido e deixara cá, na terra, certas interrogações: morte natural ou premeditada? Silêncio. Quando nossas mãos se apertaram no derradeiro encontro, tinham o significado maior de ser o adeus da eternidade.

P S – Péricles Matos morreu de modo trágico no Rio, em 1952.

Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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