O que esperar da inflação para 2024
Por Elan Nascimento Apolinário
Assessor de Investimentos credenciado à XP Investimentos
A inflação no Brasil encerrou 2023 em 4,62%, ficando dentro do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (4,75%), algo que não acontecia desde 2020. Para 2024, a meta de inflação será de 3%, com tetos que poderão variar entre 1,5% a 4,5%.
Definimos como inflação o aumento contínuo dos preços de bens e serviços. Em termos de consumo, ela representa a perda do poder de compra da moeda, levando os consumidores a comprarem menos com a mesma quantidade de dinheiro.
Em resposta à inflação, os bancos centrais em todo o mundo podem aumentar as taxas de juros para controlar a oferta e a demanda de dinheiro.
No âmbito social, a inflação pode diminuir o poder de compra dos salários, trazendo implicações sobre o custo de vida e o bem-estar social, especialmente para os estratos mais baixos da sociedade, que podem enfrentar dificuldades para satisfazer necessidades básicas.
Portanto, controlar a inflação, deixando-a dentro de uma meta aceitável, é fundamental para a estabilidade econômica e bem-estar social, se tornando assim uma prioridade para as autoridades econômicas de qualquer país.
Após o Brasil enfrentar desafios inflacionários no pós-pandemia, levando o Banco Central a elevar a taxa de juros para controlá-la, para o ano de 2024 espera-se uma desinflação gradual.
Desinflação é quando os preços sobem, mas num ritmo bem lento, dentro de um percentual bem menor do que acontecia antes. É uma inflação em câmera lenta (risos).
Fazendo uma análise mais aprofundada, grande parte dos especialistas apontam para a continuidade desse processo de desinflação que se iniciou em 2023, mas trazendo algumas ressalvas.
A primeira delas é no tocante ao setor de serviços, a inflação do setor de serviços continua um pouco persistente, e o aumento do salário-mínimo aliado a um mercado de trabalho aquecido cria um cenário que tende a gerar aumento nos preços dos serviços, o que vai representar um desafio para a manutenção dessa desinflação geral.
Um outro ponto de atenção são os efeitos negativos do El Niño sobre as safras para esse primeiro trimestre do ano, podendo trazer um aumento no preço dos alimentos, o que já pôde ser sentido na inflação do mês de dezembro. Em dezembro, a inflação teve uma alta de 0,56% puxada principalmente por alimentação e bebidas.
A política de preços adotada pela Petrobras nesse ano é outro ponto no qual todos ficarão de olho, pois ela é fundamental para se estabelecer uma linha no preço dos combustíveis, um item que acaba influenciando rapidamente a inflação, já que ele compromete em média 5% do orçamento familiar, sem falar que o setor logístico e de distribuição em nosso país é feito principalmente por via rodoviária demandando muito combustível e impactando o preço final dos diversos produtos transportados.
Por fim, a gestão fiscal por parte do governo continua no radar e será um fator muito relevante para que o Banco Central possa prosseguir com o corte de juros iniciado em agosto do ano passado.
No geral, o entendimento dos especialistas é que mesmo com esses pontos de atenção a inflação continuará desacelerando paulatinamente e o Banco Central manterá, mas de forma cautelosa, o ritmo de cortes da taxa Selic para 2024.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
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