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Francisco Cartaxo

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O PT e a corrupção na Petrobras

09/12/2014 às 11h01

A Petrobras entrou na Operação Lava Jato por mero acaso. O objetivo era investigar lavagem de dinheiro. Coisa besta, tanto que o nome da ação conjunta – Polícia Federal, Judiciário, Ministério Público – veio de um posto de gasolina em Brasília, onde se lava carros. E dólares também! A Petrobras apareceu embrulhada num presente, um sedan de 300 mil reais, comprado pelo doleiro Alberto Youssef, presenteado a Carlos Roberto Costa, diretor da estatal. Pronto, fez-se a conexão. E o que era mixaria, cresceu. Agigantou-se a ponto de tornar-se o maior escândalo de corrupção no Brasil. Não é um caso solto, negociado ponto a ponto, igual a tantos outros. Agora se trata de roubalheira sistêmica. Pelo menos é que se deduz das palavras escritas, em despacho nos Autos do Processo, pelo juiz da 13ª Vara Federal do Paraná, Sergio Moro:

“Há provas de um esquema criminoso duradouro e sistemático para frustrar licitações da Petrobras, impor preços em contratos públicos sem concorrência real, lavar recursos obtidos com tais crimes.” O juiz fala ainda de indícios de remunerações continuadas a agentes públicos, inclusive diretores e gerentes da Petrobras, pagas por um cartel de grandes empresas, cujos nomes estão expostos na mídia. Gente cujas imagens a patuleia só via em eventos de bacanas… Nunca em delegacia!

Esse esquema é do tempo do mensalão, que o STF julgou, condenou e mandou prender políticos, empresários e banqueiros. Tudo mostrado na TV Justiça. O mensalão tem aspectos diferentes do pretrolão na origem do dinheiro sujo, nos personagens etc., mas os dois processos são semelhantes, começaram a operar na mesma época, ou seja, após a chegada do PT ao poder. Por lutar pela criação da Petrobras, muita gente levou porrada, foi em cana e torturada. Adolescente, acompanhei o nascimento e os primeiros passos da Petrobras, na época um freio à ganância dos “trustes internacionais”, e símbolo forte da independência econômica do Brasil. A Petrobras sofreu o diabo até virar um gigante, orgulho da nação! Qualificou mão de obra. Desenvolveu tecnologia de extração de óleo em águas profundas. Impôs-se. É respeitada aqui e lá fora.
 
O governo do PT, no entanto, pós a Petrobras no centro da corrupção. Avacalhou em função de um projeto de poder. Não votei em Dilma, este ano, embora tenha sufragado seu nome em 2010 e o de Lula em todas as suas disputas. Sou suspeito? Então recorro ao isento teólogo Leonardo Boff. Em texto, divulgado no dia 1º deste mês no www.jb.com.br, ele escreveu estas palavras:

“Lamentavelmente foi o que ocorreu com setores do PT (não com todo o partido). Levantaram a bandeira da ética e das transformações sociais. Mas ao invés de se apoiar no poder da sociedade civil e dos movimentos e criar uma nova hegemonia, preferiu o caminho curto das alianças e dos acordos com o corrupto poder dominante. Garantiu governabilidade a preço de mercantilizar as relações políticas e abandonar a bandeira da ética. Um sonho de gerações foi frustrado. Oxalá possa ainda ser resgatado.”

Neste ano eleitoral, Leonardo Boff escreveu artigos e fez palestras contra o perigo neoliberal. E a favor de Dilma. Semana passada, ele e outros intelectuais alertaram Dilma quanto ao inconveniente de nomear economistas liberais para o Ministério da Fazenda e o Banco Central. E, quem sabe, pediram para ela limpar a Petrobras. Boff é um homem de fé.

P S – A Petrobras não está só. Outras instituições fazem fila e os delatores já tiraram a gravata…


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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