O Poeta Ronaldo
Por Cristina Moura
Embarquei no recente artigo de Saulo Péricles Brocos Pires Ferreira, meu amigo Pepé, ao ler sobre Ronaldo Cunha Lima. Ronaldo. Bom personagem. Com certeza, marcante na história política da Paraíba, do Nordeste, do Brasil. Mas estou aqui pra lembrar como comecei a prestar atenção nele. Foi assistindo ao programa Sem limite, na saudosa TV Manchete, na década de 1980.
O então prefeito de Campina Grande foi responder no programa sobre Augusto dos Anjos. Passou em todas as fases. Ganhou o prêmio de 300 milhões de cruzados. O problema é que a atração acontecia às terças-feiras, depois das 22h30. No dia seguinte, escola. Acordar cedo. Se eu fosse autorizada, conseguia vencer o sono. Confesso que eu vigiava sempre a participação do poeta Ronaldo, que respondia rimando. Ainda mais essa.
O programa, apresentado por Luiz Armando Queiroz, foi inspirado num dos primeiros da TV brasileira, na década de 1950, O céu é o limite. Jota Silvestre, laçando a simpatia do público, foi um dos apresentadores, na Tupi. No programa de auditório, havia também um quadro, no qual o candidato respondia sobre um tema, com o objetivo de ganhar uma cobiçada premiação. Caso o participante acertasse, o bordão saía: “Absolutamente certo!” Anos depois, Queiroz repetiu a sentença, como homenagem, e colou. Aplausos da plateia. Ao ver Sem limite, eu pensava em como deve ser importante alguém se dedicar a determinado assunto. Pesquisar. Eu ficava admirando a inteligência de quem se arriscava.
Conheci cara a cara o homem das letras, ao cumprir uma pauta da rádio Correio FM, no ano de 2000. Durante esse meu tempo como jornalista, mais de 20 anos, eu nunca havia encontrado com Ronaldo para entrevistá-lo. Nem para as coletivas. Foi mesmo só essa vez que citei. O encontro foi num escritório, em Manaíra, João Pessoa, por volta das treze horas. Depois de cumprir a obrigação, fui presenteada com um dos livros dele, Gramática poética. No início, um poema que exibe uma raridade, como outras na obra. Peço licença pra transformar os versos em frases. Diz assim: “Este livro, já se vê, possui o seu próprio estilo. Gramaticalmente fi-lo e oferto agora a você.” Olha. Essa construção com pronome oblíquo, com o verbo fazer, é incomum nos dias de hoje. Sabemos. Parece estranha. Mas é caso pensado. É coisa de quem estuda.
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