O Mercado de Notícias
Por Alexandre Costa
O contínuo esgarçamento das relações institucionais entre os poderes da República, aguçados pelas manifestações populares do último 7 de setembro despertaram mais uma vez o debate sobre o papel da imprensa no Brasil na construção da nossa jovem e claudicante democracia.
E foi garimpando dados e fatos históricos da imprensa brasileira que me deparei com uma obra que talvez seja a maior e mais precisa abordagem sobre o papel da imprensa no mundo ao longo de 04 séculos: O Mercado de Notícias. Uma peça teatral do genial dramaturgo inglês Ben Jonson (1572-1637) que mordazmente satiriza a recém-nascida imprensa de notícias da Inglaterra Vitoriana.
Um espetáculo teatral ainda extremamente atual para o mundo cibernético de hoje que joga, luzes sobre uma poderosa e controversa instituição mundial onde a informação é transformada em mercadoria, antevendo magistralmente o futuro da imprensa de forma explicita e irreverente mostrando como as notícias são produzidas e consumidas. Um clássico para os profissionais e estudiosos apaixonados pelo jornalismo.
Transformado em documentário em 2014 pelo cineasta Jorge Furtado, O Mercado de Notícias se tornou uma referência para aqueles buscam uma compreensão sobre como funciona a mídia de hoje e quais os impactos que dela resultaram na construção da nossa sociedade e da nossa frágil democracia.
Nesse trabalho, Furtado faz uma análise fria e profunda que instiga reflexões sobre a obra de Ben Jonson, onde o objetivo final é pensar e entender a função, a importância e o poder da imprensa alternando imagens do filme da peça teatral a contundentes depoimentos de consagrados jornalistas brasileiros da atualidade como Luís Nassif, Geneton Moraes, Mino Carta, Fernando Rodrigues e Jânio de Freitas.
Ao produzir esse documentário, uma verdadeira viagem pelo esplendoroso acervo imagético do jornalismo brasileiro, Jorge Furtado nos oferece a oportunidade de compreendermos a evolução do jornalismo desde a quebra da subordinação às forças políticas no início do século XX quando o paraibano Assis Chateaubriand funda os Diários Associados iniciando a era dos grandes conglomerados de empresas de comunicação até os dias de hoje com as Organizações Globo da família Marinho.
A ascensão desses impérios midiáticos é que fez nascer o “Jornalismo Partidário” na grande maioria de veículos de comunicação do Brasil, antes sutil, hoje, exacerbadamente descarado com pautas que atendem unicamente seus próprios interesses e conveniências rasgando todos os princípios éticos do bom jornalismo afrontando o estado democrático de direito. A imprensa brasileira precisa ser reinventada.
Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário com MBA em Gestão Estratégica de Negócios, diretor da Fecomercio PB, presidente da CDL/CZ e membro da ACAL- Academia Cajazeirense de Artes e Letras de Cajazeiras.
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