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Mariana Moreira

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O casarão e seus medos

07/06/2024 às 18h29 • atualizado em 09/06/2024 às 16h46

Coluna de Mariana Moreira - Espaco Cultural Hotel Oriente - Foto: reprodução

Por Mariana Moreira – O casarão se ergue imponente entre ruas estreitas, agitação de trânsito e transeuntes.

Registro de tempos idos quando a riqueza do algodão e do gado produziu os “coronéis” e sua mais expressiva representação: seus filhos padres, médicos, advogados.

Construído nas primeiras décadas do século XX seria um presente do pai, coronel, ao filho, que concluía os estudos de medicina no Rio de Janeiro. Seria, assim, uma Casa de Saúde. Mas não vingou pois o filho, médico, envereda por outras trilhas e veredas para manter-se também na posição de coronel.

E o casarão ganha, ao longo da história, outras destinações e utilidades. Clínica médica, hotel, escola privada. Em momentos, não tão efêmeros, também apenas e somente, abrigo para “visagens”, morcegos e outras inusitadas figuras.

Alugado pelo poder público municipal, atualmente, o casarão sedia a Secretaria Municipal de Cultura, a Academia Cajazeirense de Artes e Letras (ACAL) e o Museu do Futebol.

É isso mesmo. Cajazeiras tem um museu do futebol. Produto da abnegada teimosia do professor Reudesman Lopes, o museu foi instalado recentemente, com o apoio governamental do poder público municipal. E estão lá documentos, acervo fotográfico, flâmulas, camisetas. Histórias e memórias de Zé de Souza, Perpétuo Correia Lima, Caçote, Renato Cajá e tantos outros e outras que, com a bola nos pés ou na cabeça, fizeram e fazem história, constroem memória e traçam linhas, passes e jogos no campeonato da existência.

E o casarão, em seus amplos salões, além do museu, realiza eventos culturais, destacando as recentes solenidades de posse da Diretoria da ACAL, de debates e palestras, de posse de imortais da academia.

Mas, como adverte o escritor Frassales “Imóveis, com as características daquele casarão, correm sérios risco de perecer se não tiver uma ocupação que lhe garanta a manutenção permanente. Fechado é morte certa”.

Claro que o casarão está aberto, abrigando e dando sustança ao existir da Secretaria Municipal de Cultura, do Museu do Futebol, da ACAL. Mas, a ameaça e o risco de extinção permanecem presentes e palpáveis.

Afinal, seus proprietários podem, a qualquer momento, suspender o contrato de aluguel com o município. E, como acompanhamos em inúmeros episódios, são comuns imóveis que se depreciam pela ação das “visagens” e “malassombros” que, de maneira sutil, mas eficiente, deterioram, depreciam, incendeiam, corroem e destroem paredes, sacadas, janelas, histórias para dar lugar a prédios espelhados, e caros.

E fica a pergunta: qual a dificuldade do poder público municipal em desapropriar o imóvel em nome da história e da cultura da terra que se alvora “berço do saber e da cultura”?

Com a palavra…


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.


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Mariana Moreira

Mariana Moreira

Professora Universitária e Jornalista

Contato: [email protected]

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