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Francisco Cartaxo

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O cangaceiro Ulisses Liberato de Alencar

14/07/2023 às 19h42

Coluna de Francisco Frassales Cartaxo

Por Francisco Frassales Cartaxo – Cresci ouvindo histórias de lutas, emboscadas, assaltos a fazendas, povoados, vilas e cidades. Escutei narrativas de episódios de danças rústicas, ao som de zabumbas, com muita cachaça, que envolviam donzelas e mulheres casadas. Também me chocava saber que gente poderosa acoitava cangaceiros. Gente que meu pai conhecia. Quando menino, em Cajazeiras, vi um cadáver passar, na frente da casa onde nasci, escanchado feito um porco na cangalha de um jumento tangido pela polícia. Alguém falou: era cangaceiro.

Policiais e facínoras eram iguais, diziam.

Tudo isso desliza em minha memória, na medida em que avanço na leitura das 242 páginas do livro Ulisses Liberato: um cangaceiro a serviço do major José Inácio do Barro. O major está mais vivo nas recordações da infância porque convivi, no Ginásio Salesiano Padre Rolim, com descendentes seus. Só mais tarde tive referências de Ulisses, de seu papel na história do banditismo. Sempre me intrigou certa incursão de celerados em território dos Maia, de Catolé do Rocha. Agora o livro clareou. A ideia nascei em Pombal, mas a ação foi planejada no Barro.

Os irmãos José Tavares de Araújo Neto e Jerdivan Nóbrega de Araújo reconstituem no livro a trajetória de um ancestral, cangaceiro de vida curta (1895-1923), dançarino, sedutor, cercada se singularidades, cujas travessuras lhes foram reveladas aos poucos, entre sombras, silêncios e mistérios, filtradas da memória de parentes, contemporâneos do pombalense Ulisses Liberato. Como bons pesquisadores da história antiga do sertão do Piranhas e do cangaço, a dupla de autores se afastou do memorialismo puro e simples, conservando, porém, o traço descritivo. Remexeu fontes documentais, consultou arquivos cartorários, processos criminais, jornais, documentos públicos, acervos particulares, cartas guardadas em segredo pela família.

Para facilitar a leitura, o livro foi dividido em pequenos capítulos. Oito Anexos fundamentam a narrativa. O prefácio do professor Francisco Pereira e a apresentação do mestre-mor Frederico Pernambucano de Mello ampliam a luz da obra, que, aliás, provocou esta reflexão do autor do extraordinário Guerreiros do Sol:

sentimos que, na origem, resulta do desentranhamento de registro constante do Guerreiros do Sol, pouco importando que apresente fatos novos ou mesmo correções a aspectos de tal registro, desde que os reparos venham cercado de fundamentação consistente. Ótimo que seja assim. Nenhum autor tem o direito de contrair compromisso com o erro.

Melhor não podia ser.

Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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