O Campus de Cajazeiras perde a professores Maria Luiza
No último dia 11 de novembro, durante uma reunião da Unidade Acadêmica de Ciências Sociais, do Centro de Formação de Professores, da UFCG, Campus de Cajazeiras, a professora Maria Luiza Schwarz, da área de geografia, comunicou que havia pedido exoneração e que estava voltando para o Canadá, de onde tentara trazer para a Paraíba a sua família, mas não conseguiu.
A professora estava em Cajazeiras desde o dia 26 de junho de 2010, dava aulas no Curso de Geografia, participava de projetos de pesquisas e de eventos de extensão, com dedicação e carinho. Era querida pelos colegas e principalmente pelos seus alunos.
A Professora Luiza é uma grande estudiosa e com seus conhecimentos deu uma contribuição extraordinária não só ao Curso de Geografia, mas também para o crescimento qualitativo da UFCG, tendo em vista o seu rico currículo: possui graduação em Licenciatura em Geografia pela Universidade da Região de Joinville (1986), Especialização em Planejamento de Regiões Montanhosas pela Université Lumière Lyon II (1993), na França, onde passou quatro anos. Tem doutorado em Geografia Ambiental pela Université de Montréal (2007) e Pós-doutorado pela Université de Montréal (2008-2010), no Canadá. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia Humana, atuando principalmente nos seguintes temas: Representações em Geografia, Biodiversidade, Gestão da Água em Regiões Semiáridas, Meio Ambiente, Valores, Conhecimento Tradicional.
Mas como esta ilustre professora e de uma simplicidade enorme veio parar nos sertões da Paraíba? Ela mesma em uma crônica, com o titulo “Enfim Cajazeiras!”, postada em seu site, que pincei alguns tópicos, explica:
“Morava há 9 anos em Montreal tinha trabalhado todo este tempo na minha tese e também como pesquisadora na Université de Montréal. Participei de alguns projetos que me ensinaram verdadeiramente a pesquisar e amava muito meu trabalho. Participei dos projetos ligados ao Ministério do Meio Ambiente Canadá e do Ministério dos Transportes do Québec. Sempre trabalhando na questão Homem/Meio Ambiente. Vou lhes dizer: fui muito, muito, muito feliz naquela Universidade! Tinha um diretor exigentíssimo, super profissional, educado e a gente se entendia muito bem. Fazer um mestrado, um doutorado com a pessoa certa é o ponto fundamental para obtermos sucesso na nossa vida acadêmica. Mas tinha uma coisa que me incomodava: não tinha meu cargo como professora adjunta e meu sonho era também dar aulas, como sempre fiz. Não era nem questão de salário. Também tinha vontade de voltar para meu país, para contribuir, pois recebi uma bolsa da CAPES para os 18 meses que restavam para eu terminar meu doutorado.
Em maio de 2010, recebi um e-mail perguntando se eu gostaria de trabalhar em Cajazeiras, uma vez que poderiam aproveitar um concurso em que passei em segundo lugar da Universidade Federal de Pernambuco. Eu me empolguei, seria a oportunidade de voltar para o Brasil: meu querido país, minha língua, meu povo acolhedor, pagar meus anos de bolsa e ainda por cima voltar para as salas de aula como professora. Concordei depois que recebi o incentivo do marido querido, meu quebequense “lã pura” que amo demais. Teria somente um mês para revalidar os diplomas de doutorado, pós-doutorado, comprar passagens, fazer exames médicos, arrumar tudo em duas malas e vir. Ah estas duas malas! Já estou acostumada com elas!
É claro que não tem aeroporto em Cajazeiras, cheguei pelo aeroporto de João Pessoa e um professor bem querido me recepcionou, me ajudou em tudo que foi necessário para eu realizar minha tão sonhada posse que foi na Sede, em Campina Grande. Estava muito, muito feliz na cerimônia da posse, feliz e surpresa, pois estava morrendo de frio. Não me informei o suficiente para saber que na Paraíba faz frio também no mês de Julho. Quase morri com meu vestidinho de verão, enquanto via todo mundo de casaco e botas de inverno.
Depois da posse, entrei num ônibus azul para ir para o Campus Cajazeiras, meu Campus! Quanta ansiedade para estar lá! Já no caminho vi o quanto a paisagem vai mudando do litoral, passando pela Zona da Mata até o Sertão, onde predomina a Caatinga. Paisagens lindíssimas! …Paramos em Patos para um lanchinho. …Quando chegávamos a Souza, lagrimas caiam copiosamente dos meus olhos quando eu via milhares de sacolas plásticas e muito, muito, muito lixo na entrada da cidade e em todos os terrenos vazios. Eu me perguntava: onde estou tentando morar? O que estou fazendo aqui? E Cajazeiras não chegava nunca!
…Quando cheguei em Cajazeiras, uma moça muito querida me acolheu, me ajudou me levou para sua casa. Vi o quanto aquele povo é acolhedor, humano. Claro que fiquei surpresa quando percebi que o transporte principal na cidade era a moto. Fiquei toda torta no início, penso eu, morrendo de medo. Mas gostei do vento, pois estava muito, muito quente.
Cheguei ao meu futuro Campus com o papel da posse. Conversei com o super simpático diretor e visitei o pequenino Centro de Formação de Professores. Era ali que iria passar três anos e meio. Em pleno Sertão, o Centro possui jardins lindos, está super arborizado tem uma rica biodiversidade de espécies introduzidas tanto vegetais como animais. …Agora estava ansiosa para começar as atividades, encontrar os alunos e ser novamente feliz também como professora! Tudo lindo como diz minha filha Jaqueline…”
O Campus perde esta professora, mas não perde a amiga, que ao se despedir de seus colegas, emocionada, disse que ia levar consigo muitas saudades. Muito obrigado por tudo querida colega Luiza. Seja mais feliz ainda no reencontro com sua família e que você alcance muitos sucessos profissionais. Um abraço e um beijo no coração. Obrigado por sua contribuição ao nosso Campus.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário