O bicentenário da Confederação do Equador algumas considerações
Por Saulo Péricles Brocos Pires Ferreira – Meus Caros: nesse ano está sendo comemorado o bicentenário da revolta separatista que se denomina a “Confederação do Equador”, e vi um programa alusivo ao mesmo em que se encontravam figuras bastante representativas de nossa região, como o Senador Efraim Filho.
Como se sabe, a História é contada pelos vencedores. Mas mesmo tendo em vista o sacrifício do famoso mártir Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo, muito mais conhecido por “Frei Caneca” que adquiriu esse nome que se popularizou por causa de que quando menino vendia canecas nas ruas do Recife. Era intelectual e professor de várias matérias antes de se tornar dono de uma publicação em que defendia seus ideais republicanos, mas com pequena tiragem (50 exemplares), e que ele lia esse periódico para o povo analfabeto do Recife, e depois participou da Insurreição Pernambucana de 1817, como figura secundária, que pretendia separar Pernambuco do resto do Brasil, e como consequência, Pernambuco perdeu o Estado de Alagoas, enquanto os seus chefes, eram condenados à morte e tinham suas cabeças degoladas e suas mãos decepadas, como aconteceu com o paraibano Peregrino de carvalho. Frei Caneca foi preso e libertado quatro anos depois. Quando em liberdade, voltou a pregar a República. Apesar de se negar por diversas vezes, que a Confederação do Equador não era um movimento separatista, salta aos olhos que o era, pois São Paulo, por exemplo, está situado ao longo do trópico de capricórnio, e nunca se cogitou esse estado fazendo parte dessa Confederação. Poderia esse escriba inculto achar, como acho que esse movimento seria mais condizente com a insurreição pernambucana de 1817, numa versão 2.0 em que os orgulhosos pernambucanos não se sentiam bem em ser apenas uma província do Brasil; eles queriam ser um estado independente, tal como os países da América Espanhola, mas Dom Pedro I mandou para Pernambuco, com fartura de tropas e armas, Francisco Lima e Silva, o pai do futuro Duque de Caxias, que enfrentou e massacrou os confederados na Batalha de Afogados, e os que não foram vítimas desse confronto, fugiram para o interior E esse restante de confederados se encontrados e derrotados completamente num recanto da Paraíba, chamado canto do feijão, que depois quando se tornou cidade, veio a se chamar de Triunfo, justamente por causa desse combate. O Frei Caneca, sobrevivente a esse enfrentamento, veio a ser preso na cidade do Barro – CE, e voltou e registrou essa viagem que até hoje é um interessante registro de nossa região nesse tempo. Depois que foi reconduzido a Recife, foi finalmente condenado e fuzilado, pois sendo condenado ao enforcamento, ninguém se habilitou a ser o executor de tal função, sendo então fuzilado no antigo forte das cinco pontas.
Pernambuco foi severamente castigado por mais essa tentativa de se tornar um estado independente: perdeu para a Bahia toda a parte oeste do Rio São Francisco, onde hoje se situa o chamado Cerrado baiano.
E nós paraibanos, como ficaríamos: no caso de vencedora a Confederação do Equador: seriamos vassalos de uma república comandada pelos Pernambucanos e nossa capital seria Recife, e no caso que se concretizou, ficamos vassalos do Império do Brasil, o maior país da América do Sul, e que teve como Imperador uma das maiores, senão a maior figura histórica de nossa nação, D. Pedro II, que entre outras medidas, nunca permitiu que outros países estabelecerem feitorias na região amazônica, oque certamente comprometeriam nossa soberania sobre essa hoje cobiçadíssima região.
LEIA TAMBÉM:
Mas com todas essas reservas, que seja comemorado esse movimento, que se vitorioso teria transformado o Brasil numa versão portuguesa da América Espanhola, com aquelas republiquetas cheias de interesses por vezes conflitantes, enquanto nosso país tem um enorme e diverso, um continente com autonomia para ter de qualquer forma uma administração muito mais eficiente…
Comemorem seus feitos pernambucanos, vocês têm todo o direito. Sempre é tempo de tentar ser outro país novamente…
Recife, 12 de dezembro de 2024.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário