O advogado Manuel de Sousa Rolim
Por Francisco Frassales Cartaxo – Na crônica da semana passada, Governar para os amigos, citei de passagem o advogado Manuel Rolim de Alencar. Alguém, levantou dúvida. Não seria Manuel de Sousa Rolim? Não, respondi. Por isso, hoje alinho dados a respeito do ilustre irmão do padre Inácio de Sousa Rolim, tio do outro, o Alencar. Ambos bacharéis em Direito formados na mesma Escola. O tio, em Olinda, 1839, o sobrinho, no Recife, 1864. O Rolim de Alencar nasceu no Crato, onde residiam os pais, José de Sousa Rolim e Maria Pereira de Alencar. Dois de seus filhos foram morar em Cajazeiras: Manuel, bacharel, e João José Rolim de Alencar, que já atuava como rábula e foi aqui vereador na primeira legislatura, após a instalação da Câmara Municipal em 1864. Manuel Rolim de Alencar advogou, foi juiz em Cajazeiras e em Sousa.
E Manuel de Sousa Rolim?
Logo após concluir o curso em Olinda, convidado pelo tenente-coronel da Guarda Nacional, José Gomes de Sá Júnior, foi ser professor na sua fazenda, onde se originou São José da Lagoa Tapada, anos depois, sede de município desmembrado de Sousa. Casou-se com uma parenta do Comandante e chefe político do Partido Conservador, envolveu-se na política de Sousa, foi deputado provincial na quarta legislatura imperial (1844-45). Advogou, sobretudo na comarca de Sousa, ao preparar cartas de alforria de escravizados exibia sua clara posição de abolicionista, atestou o pesquisador Deusdedit Leitão.
Mais tarde, Manuel de Sousa Rolim veio ensinar Latim no afamado colégio do irmão padre. Em 1872, foi nomeado professor público de instrução primária substituindo Juvêncio José da Costa Vulpis-Alba, removido para Pombal, sua terra natal. Coitado de Juvêncio! Em 1874, foi assassinado dentro da própria casa, poucas semanas após a ousada invasão da cadeia de Pombal por Jesuíno Brilhante. Por quê? Ora, denunciou em jornais da Paraíba e Pernambuco “os desmandos e atrocidades do coronel João Dantas de Oliveira”, no dizer de Jerdivan Nóbrega. Manuel Rolim participou da vida administrativa de Cajazeiras, até o fechamento do colégio por causa da seca de 1877. Então foi morar no Cariri, onde já residia seu irmão José.
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Manuel de Sousa Rolim, além de ter sido o primeiro advogado nascido em Cajazeiras, latinista, foi figura ativa em nossa formação. Pena que, mesmo lembrado para nominar o prédio da OAB/Cajazeiras, fizeram ouvido de mercador. Preferiu-se Ronaldo Cunha Lima. Oxente, Ronaldo! Prevaleceram na escolha: ignorância histórica, interesses políticos subalternos, desamor a Cajazeiras, excesso de puxa-saquismo.
Sócio da Academia Cajazeirense de Artes e Letras
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