Não há almoço grátis, mas tem e-mail?
Os gigantes da tecnologia tiram muito proveito da nossa avidez por promoções e ofertas imperdíveis. O que dirá então se for tudo de graça? Ao comprar um celular, ele já vem com o sistema operacional gratuito, diversos aplicativos gratuitos, milhares de outros disponíveis em uma loja gratuita e muito, muito espaço gratuito para armazenar fotos e salvar conversas.
Mas não foi sempre assim. Nos idos dos anos 90 ter um computador custava muito caro. Além de comprar o equipamento, era necessário também comprar os programas. Windows como sistema operacional, o pacote Office, o anti-vírus e até mesmo o Navegador da Internet. Tudo pago. Uma fortuna.
É claro que as donas dos Softwares, do programas e aplicativos, não se esforçavam para impedir que pessoas comuns copiassem seus programas. Assim a Pirataria foi institucionalizada entre as pessoas. Já com as empresas e especialmente com órgãos do governo, elas são implacáveis. Apenas para colocar em perspectiva, a Microsoft tem um departamento jurídico maior do que o de produção de software. Entre licenças e patentes há muito mais dinheiro para ser ganho forçando o pagamento do que produzindo tecnologia.
A partir dos anos 2000 as grandes perceberam que era mais interessante enfeitiçar seus usuários propondo o que parecia impossível: programas e serviços gratuitos em troca de seus dados. Dados que depois seriam comercializados com terceiros, ou seja, ganha-se dinheiro indiretamente. O usuário aprende a não se importar e até gosta, enquanto os seus dados tem um valor muito maior do que o programa ou serviço que esta sendo oferecido. Todos felizes. Será?
A famosa frase do economista Yankee Milton Friedman, “não há almoço grátis”, é uma forma de esclarecer que tudo tem um preço a ser pago por alguém. E claro, quanto mais caro for, melhor.
Vejamos o caso do Gmail, o serviço de e-mail do Google que tem espaço de armazenamento virtualmente ilimitado, uma interface super amigável, é rápido, vem integrado com dezenas de outras ferramentas, sincroniza com o celular e muito mais! tudo gratuito.
O que ninguém parece se importar é com a licença de uso que autoriza o Google ler e catalogar todo o conteúdo de todas as mensagens. Imagine o poder concentrado lendo as mensagens de todos os cientistas, professores, alunos, juízes, empresários, militares, policiais, repórteres, médicos, advogados, engenheiros. Tudo de todo mundo. No exato momento que alguém tiver uma ideia brilhante e mandar por e-mail, os Yankees tomam conhecimento e podem usá-la como bem entenderem.
Como estabelecer qualquer condição mínima de igualdade de competição com um poder desses?
Adicione a essa receita o WhatsApp, Facebook, Youtube, Instagram, Chrome, Iphone, Android e todos os aplicativos disponíveis no Google Play e Apple Store. Sim! e tem o Alexa também. Nada escapa ao poder de coleta e processamentos de dados. Análise essa, que se esconde por trás da desculpa mercadológica de vender produtos e serviços de forma mais direcionada e eficiente para, na verdade, entender nossos gostos e comportamentos para manipular nossa forma de pensar e agir.
E quem está dizendo isso não sou eu, mas o próprio Facebook que conduziu uma experiência em 2014 e divulgou os resultados do quão eficiente eram suas técnicas de manipulação das emoções de seus usuários. Isso faz quase 10 anos. Imagine como é hoje em dia.
Não é sem motivo que países com um bom senso de nacionalismo limitam ou proíbem essas ferramentas de funcionar. A China é um ótimo exemplo. Constantemente criticada por sua falta de liberdade, exatamente por não permitir a chamada Internet Livre. Mas assim, se a liberdade que se defende tanto implica em coletar dados de todas as pessoas para manipular seu pensamento, tem que proibir mesmo. Especialmente se o objetivo é manipular as pessoas contra o sistema social e econômico escolhido por aquele pais. Isso não é liberdade é indução, é manipulação, é enganação.
A única forma de manter segredo real é se manter fora da Internet, sem usar nenhum desses aplicativos ou dispositivos. Eles estão todos monitorados e funcionando como dispositivos de controle social ativos, ou seja, agindo constantemente, em tempo real, para persuadir seus usuários a ver o mundo da forma que seus criadores querem. Esse é o trabalho do tal “algoritmo”: manipular a Percepção da Subjetividade.
Foi se desligando completamente das redes que o Hamas conseguiu planejar seu ataque contra Israel exercendo seu direito de defesa depois de tantas décadas de atrocidades impostas pelos Sionistas.
Foi assim que a China conseguiu desenvolver um chip de última geração para seus celulares Mate 60 tornando-se independente dos fornecedores Yankees.
Foi assim que a Rússia conseguiu criar seus mísseis hipersônicos para os quais ninguém tem defesa e manter a Ucrânia fascista sob controle.
Foi assim que Bharat conseguiu lançar sua primeira expedição à Lua.
A dominação vem por todos os lados e você é parte importante desse sistema usando, gostando e estimulando o uso de ferramentas que te espionam, monitoram, catalogam e influenciam, com o objetivo de te manter como um agente do sistema.
Você alimenta seu próprio algoz.
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