Morte prematura de Gonçalves Rolim
Por Francisco Cartaxo
O cajazeirense de maior prestígio político no passado, até o começo do século XX, foi Vital de Sousa Rolim (1829-1915). Quando Cajazeiras era simples povoação do município de Sousa, ele estruturou o núcleo local do Partido Liberal e, já na República, continuou o chefe maior, décadas seguidas. Em torno de sua liderança, gravitaram Rolins, Cartaxos, Coelhos e afins. Sob seu comando, sempre afinado com o padre Inácio de Sousa Rolim e a Igreja Católica, Cajazeiras alcançou grandes conquistas no plano econômico, político, educacional e religioso.
Do casamento com Vitória de Sousa Rolim, sua prima, nasceram cinco filhos e duas filhas. De todos, Joaquim Gonçalves Rolim foi o que teve acesso ao estudo superior, obtendo, em 1889, o título de bacharel em ciências jurídicas e sociais, na Faculdade de Direito do Recife. Foi o terceiro cajazeirense a formar-se em direito, depois de Manuel de Sousa Rolim e Antônio Joaquim do Couto Cartaxo. De retorna à Paraíba, em 1890, foi nomeado prefeito, juiz de direito de Cajazeiras, promotor de Conceição e Piancó. Elegeu-se deputado estadual à primeira constituinte republicana, integrando a chapa única, governista, formada por Venâncio Neiva, ouvindo, é claro, as figuras exponenciais de sua corrente, esclarece Flávio Sátiro.
A Constituição paraibana durou pouco. O golpe de Floriano Peixoto afastou Venâncio Neiva do poder. Nova constituinte foi convocada, e eleita em chapa única, desta vez, organizada por Álvaro Machado. Venancista, Joaquim Rolim amargou na oposição. Ser padre, advogado, médico ou militar era requisito extraordinário naquela época de pouquíssimos cursos superiores no Brasil. Em 1898, ele foi nomeado juiz de direito de Cajazeiras. Comandante Vital Rolim, o grande chefe, estava preparando o filho ilustre para substituí-lo na chefia política.
A morte de Joaquim Gonçalves Rolim destruiu o sonho. A epidemia de febre tifoide o levou aos 35 anos, em 1899. O irmão, Sabino Gonçalves Rolim, dois anos mais novo, ocupou seu lugar. De pouco letras, Sabino ficara em Cajazeiras a cuidar de gado, algodão e outros negócios. Antes mesmo de falecer o comandante Vital, coronel Sabino Rolim assumira a chefia política da facção de Epitácio Pessoa, elegendo-se deputado estadual, na histórica eleição de 1915. Perto de morrer, em 1944, já senil, tinha o hábito vestir o fraque e, de bengala, esperar o chamado de Epitácio para ir à capital!
Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL
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