Mistério: O Ser Humano e a Trindade

Por Padre Janilson

A criação inicial foi sem esforço e trabalho por parte de Deus, porque dependia apenas de uma palavra. Todavia, ela continua na História e exige empenho, porque o Criador sofre com as contradições das suas criaturas.

A criação é um dom pessoal e livre de Deus a uma alteridade, mas não como se Deus necessitasse desse outro, porque Ele já tem o seu Outro eterno e necessário: as pessoas da Trindade.

A fundamentação trinitária da criação (Gn 1, 26) exige uma visão cristológica (Cl 1,16-17) e pneumatológica (Gn 1,2; Rm 5,5), pois, ao que parece, há uma estrutura fixa onde a relacionalidade amorosa é espontânea, dinâmica e ilimitada: O PAI TORNA A CRIAÇÃO POSSÍVEL ATRAVÉS DO FILHO NO ESPÍRITO SANTO.

Em seu amor mútuo, as três pessoas “habitam” eternamente umas nas outras em contínua interpenetração. Cada qual está presente nas outras duas e se dá a elas, recebendo-as em si própria. É esta liberdade e abertura que se justifica a pericorese eterna da TRINDADE. É justamente por isso, que se pode perguntar: A CRIACÃO É ESSENCIAL PARA A COMUNICAÇÃO DE DEUS? E ainda: SE FOR NECESSÁRIA, DEUS SERIA LIVRE NA SUA COMUNICAÇÃO AMOROSA? O AMOR TRINITÁRIO NÃO SERIA SUFICIENTE?

A estas questões podemos responder com a “explosão” do amor trinitário que gera a criação. Assim, a criação é obra da essência divina da Trindade, ou seja do AMOR. Na criação, aquele ápice, referindo-se à criação do homem (imagem e semelhança) é um desejo do Deus Pessoa de nos tornar participantes do amor divino (Jo 14, 23). Esta atividade livre e “colaborativa” da Trindade na História é o ponto onde encontramos as Pessoas divinas e onde somos atraídos por seu amor a participar de sua pericorese mútua, que deve ser entendida na relação com o mundo criado. Portanto é no mistério da Trindade, traduzido no amor e na liberdade, que se encontra a criação.

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Mariana Moreira

Professora Universitária e Jornalista

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