Minha mãe: 90 anos de amor e partilha
Minha mãe está completando 90 anos de vida. Nasceu no Distrito de Gravatá, município de São João do Rio do Peixe, no dia 17 de abril de 1923 e seus pais: Trajano José de Brito era natural de Itabaiana e sua mãe Benvinda Afonso de Carvalho, nasceu no Sitio Angicos, município de Nazarezinho.
Dos 12 irmãos, Antonio, Crizanto, Gorgonho, Napoleão, Adélia, Otilia, Maria, Juvita, Aldenora, Onélia, Idelzuite e Mãezinha, restam apenas dois: Mãezinha e Juvita. Meu avô era meio cigano, um retirante e ao longo de sua vida morou em muitos lugares e foi na Vila de Boqueirão, hoje Engenheiro Ávidos, no município de Cajazeiras, que meu pai se encantou por sua eterna e querida Leopoldina e se casaram, na capela de Nossa Senhora Aparecida, no dia 7 de setembro de 1945 e a celebração foi realizada pelo Monsenhor Abdon Pereira, que também, 25 anos depois, celebrou as suas Bodas de Prata.
Tenho na memória belas lembranças de minha mãe, sempre muito bonita e hoje mais bela ainda, de sua ternura imensa, de sua uma generosidade sem tamanho e com um coração transbordando de amor para com seus nove filhos.
O ditado popular: “desde que filhos tive nunca mais barriga enchi” cabe em seu viver com toda plenitude. No seu caminhar o verbo partilhar sempre exprimiu a essência da sua existência e a cada dia de sua vida a partilha só aumenta: antes era com os filhos, agora com os netos e bisnetos, noras e genros. Em torno de uma mesa farta, não divide só o pão, mas aproveita para dividir o amor, a sabedoria, os ensinamentos, as dores, as alegrias, as conquistas, os carões, os puxões de orelhas e a penitência.
Por trás desta mulher, que é uma verdadeira fortaleza, destemida, aguerrida, de voz vibrante, valente e sem “papa na língua” se esconde uma meiguice infinita, ao ponto das lágrimas se debulharem na face, quando nas festas de família e nas horas das refeições se lembra dos filhos ausentes, para ao lado dela saborear as comidas que eles mais apreciam e relembra o que dizia, para se autoconfortar, o seu inesquecível Arcanjo: “mulher, a gente cria os filhos para o mundo”.
É numa rede de varanda, na sala, que ela passa a maior parte de dia, debulhando as contas de seu rosário e rezando as suas orações, dedicadas ao seu marido, aos filhos, aos netos e é também neste canto aonde são realizadas as confissões: ela ouve atentamente a todos, aconselha, orienta e quando tem algo de errado, sem destemor, determina a penitência. Coisa boa é o conselho de minha mãe e quem os seguiu e ainda segue tem se dado muito bem na vida. Nunca fiz um negócio sem antes consultá-la e ouvi-la.
Minha mãe teve mais tempo de escola que meu pai e me chama a atenção a sua bela caligrafia, as letras parecem ser desenhadas e é muito caprichosa em tudo que faz. Depois do noivado com meu pai foi ela que bordou e costurou todas as peças do seu enxoval, que ficou um encanto, com tecidos presenteados, por um cunhado, Chico Coura, que era fazendeiro em São José da Lagoa Tapada.
São tantas as boas lembranças, que neste dia louvamos e agradecemos a Deus por tê-la entre nós e comemorarmos com muita alegria os seus 90 anos de vida.
Onde está a Rainha, está a sua corte!
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