Louvado seja o Santíssimo Sacramento
Madrugada de 25 de março de 1814, Sousa, Paraíba. Ao receber a Sagrada Comunhão, um feiticeiro a esconde na própria roupa, dando ensejo para que alguns fiéis o persigam a fim de recuperar a partícula. Dias depois, um pastor tange suas ovelhas que, de repente param e ficam como que ajoelhadas em volta de um ponto comum. Observando bem, o homem, sabedor do fato sacrílego, percebe que era a hóstia subtraída dias antes da Igreja. Quando o padre foi chamado, um cortejo de homens e ovelhas se formou para conduzir o corpo de Cristo de volta ao sacrário. Ainda hoje, ovelhas soltas na rua passam berrando em frente à Igreja do “Bom Jesus Eucarístico”, da qual foi pároco o meu grande amigo, o Padre Dagmar Nobre de Almeida.
Manhã de 01 de março de 1889, interior do Estado do Ceará, Juazeiro do Norte. O pároco da cidadezinha, Cícero Romão Batista, prepara-se para, como de costume, celebrar a Santa Missa. Alguns poucos fiéis acompanham a liturgia, entre eles, Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo, “mestiça, cabelos quase crespos que usava cortados baixinhos, estatura média, franzina, cabeça pequena, um pouco arredondada, olhos quase negros e suaves na expressão, lábios um pouco grossos, nariz pequeno, faces um pouco salientes, queixo pequeno, pescoço bem proporcionado” no dizer do escritor Manoel Diniz. Ao aproximar-se da comunhão, eis que o primeiro milagre acontece: a hóstia se transformou em sangue. E aquela cena, acompanhada de estigmatizações, visões, êxtases, suores sanguíneos se repetiriam dezenas de vezes por dois anos. Tudo isso, porém, foi combatido a ferro e fogo pela própria Igreja que, inclusive, providenciou a transferência criminosa do túmulo da beata Maria de Araújo para do cemitério da Capela do Socorro, para lugar incerto, com o fim de evitar venerações. Mérito para o atual bispo diocesano, Dom Fernando Panico, italiano, que procura tornar o nosso milagre eucarístico algo menos demoníaco, na melhor das hipóteses, menos humano e mais divino.
Lanciano, cidade italiana que presenciou, no século VIII, a resposta de Deus ao ceticismo do homem. O incrédulo sacerdote que celebrava a Santíssima Eucaristia viu, em suas mãos, a hóstia transformar-se em verdadeira carne e o vinho, em verdadeiro sangue, ainda hoje conservados intactos em relicários para quem quiser ver. Análises científicas foram realizadas e as comissões chegaram à conclusão de que se trata de sangue humano tipo AB e de carne oriunda de tecidos musculares do coração.
Todos os dias, nos altares de nossas Igrejas, grandes ou pequenas, bonitas ou simplórias, à voz de Cristo (que fala pela boca do sacerdote), o pão deixa de ser pão e o vinho deixa de ser vinho para se tornarem o corpo e o sangue de Cristo. De graça, sem nenhuma paga, para a vida do mundo.
Não importa a dignidade do padre que celebra. O que importa, sim, é o poder que este homem tem, dado pelo próprio Cristo e pela Igreja para atualizar (não repetir) o que aconteceu na Ceia, em que o Senhor disse: “tomai todos e comei, tomai todos e bebei… fazei isto em memória de mim”. Não acreditar nisto e não celebrar isto é não crer em Cristo, que nos mandou fazer assim.
Um dos protomártires do Brasil, o leigo Mateus Moreira, tendo o coração arrancado pelas costas por um índio insuflado pelos protestantes calvinistas, bradou: “louvado seja o Santíssimo Sacramento”. Bem aqui, na Arquidiocese de Natal.
Dia de Corpus Christi. Somente mais um feriado? Acreditamos ou não? Provas não faltam.
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