header top bar

José Anchieta

section content

Louvado seja o Santíssimo Sacramento

02/06/2010 às 18h59

Madrugada de 25 de março de 1814, Sousa, Paraíba. Ao receber a Sagrada Comunhão, um feiticeiro a esconde na própria roupa, dando ensejo para que alguns fiéis o persigam a fim de recuperar a partícula. Dias depois, um pastor tange suas ovelhas que, de repente param e ficam como que ajoelhadas em volta de um ponto comum. Observando bem, o homem, sabedor do fato sacrílego, percebe que era a hóstia subtraída dias antes da Igreja. Quando o padre foi chamado, um cortejo de homens e ovelhas se formou para conduzir o corpo de Cristo de volta ao sacrário. Ainda hoje, ovelhas soltas na rua passam berrando em frente à Igreja do “Bom Jesus Eucarístico”, da qual foi pároco o meu grande amigo, o Padre Dagmar Nobre de Almeida.

Manhã de 01 de março de 1889, interior do Estado do Ceará, Juazeiro do Norte. O pároco da cidadezinha, Cícero Romão Batista, prepara-se para, como de costume, celebrar a Santa Missa. Alguns poucos fiéis acompanham a liturgia, entre eles, Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo, “mestiça, cabelos quase crespos que usava cortados baixinhos, estatura média, franzina, cabeça pequena, um pouco arredondada, olhos quase negros e suaves na expressão, lábios um pouco grossos, nariz pequeno, faces um pouco salientes, queixo pequeno, pescoço bem proporcionado” no dizer do escritor Manoel Diniz. Ao aproximar-se da comunhão, eis que o primeiro milagre acontece: a hóstia se transformou em sangue. E aquela cena, acompanhada de estigmatizações, visões, êxtases, suores sanguíneos se repetiriam dezenas de vezes por dois anos. Tudo isso, porém, foi combatido a ferro e fogo pela própria Igreja que, inclusive, providenciou a transferência criminosa do túmulo da beata Maria de Araújo para do cemitério da Capela do Socorro, para lugar incerto, com o fim de evitar venerações. Mérito para o atual bispo diocesano, Dom Fernando Panico, italiano, que procura tornar o nosso milagre eucarístico algo menos demoníaco, na melhor das hipóteses, menos humano e mais divino.

Lanciano, cidade italiana que presenciou, no século VIII, a resposta de Deus ao ceticismo do homem. O incrédulo sacerdote que celebrava a Santíssima Eucaristia viu, em suas mãos, a hóstia transformar-se em verdadeira carne e o vinho, em verdadeiro sangue, ainda hoje conservados intactos em relicários para quem quiser ver. Análises científicas foram realizadas e as comissões chegaram à conclusão de que se trata de sangue humano tipo AB e de carne oriunda de tecidos musculares do coração.

Todos os dias, nos altares de nossas Igrejas, grandes ou pequenas, bonitas ou simplórias, à voz de Cristo (que fala pela boca do sacerdote), o pão deixa de ser pão e o vinho deixa de ser vinho para se tornarem o corpo e o sangue de Cristo. De graça, sem nenhuma paga, para a vida do mundo.

Não importa a dignidade do padre que celebra. O que importa, sim, é o poder que este homem tem, dado pelo próprio Cristo e pela Igreja para atualizar (não repetir) o que aconteceu na Ceia, em que o Senhor disse: “tomai todos e comei, tomai todos e bebei… fazei isto em memória de mim”. Não acreditar nisto e não celebrar isto é não crer em Cristo, que nos mandou fazer assim.

Um dos protomártires do Brasil, o leigo Mateus Moreira, tendo o coração arrancado pelas costas por um índio insuflado pelos protestantes calvinistas, bradou: “louvado seja o Santíssimo Sacramento”. Bem aqui, na Arquidiocese de Natal.

Dia de Corpus Christi. Somente mais um feriado? Acreditamos ou não? Provas não faltam.

José Anchieta

José Anchieta

Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB.

Contato: [email protected]

José Anchieta

José Anchieta

Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB.

Contato: [email protected]

Recomendado pelo Google: