Lino e Leno
Das asas de uma arribaçã, que se reproduziu em inúmeras outras, ocorreu o fato. Todas migraram de arribada. Ao perceberem-se, Arribaçã se fez, para voar mais alto. Equiparam-se do que há de mais saboroso no campo das ideias e equacionaram suas andanças. Pousaram no sertão paraibano, para servir de inspiração às pessoas que veem, imaginando aves. Simplesmente, aves.
De acordo com a enciclopédia virtual Wikipédia, a ave arribaçã é a mesma avoante (Zenaida auriculata), em alguns estados do Sul do Brasil. Mas, no geral, é uma pomba campestre, que ocorre das Antilhas à Terra do Fogo. Formam bandos compactos na região Nordeste durante a migração.
Características do animal: essa espécie chega a medir até 21 centímetros de comprimento, com o dorso pardo, cabeça com duas faixas negras laterais, e manchas negras nas asas. Alguns bares brasileiros criaram o hábito de servir a ave como petisco em bares e restaurantes.
Outros nomes da voadora: arribação, bairari, cardigueira, cardinheira, guaçuroba-pequena, juriti-carregadeira, pairari, pararé, parari, pomba-amargosinha, pomba-de-arribação, pomba-de-bando, pomba-do-meio, pomba-do-sertão, pomba-parari, pomba-pararu, rabaçã, rabação, rebaçã, ribaçã, ribação ou rolinha.
No nosso país, a caça da Ribaçã é crime ambiental, punido com multa de R$ 500,00 por unidade apreendida. Também pode chegar a pena de prisão. Há dois anos, houve um movimento migratório das avoantes para a região Central do Brasil. As aves foram observadas principalmente no município de Hidrolândia, próximo a Goiânia. Segundo os estudiosos e frequentadores do lugar, os animais estão se multiplicando aos milhares e ainda não há como saber quais as consequências dessa migração.
Na minha adolescência, gostava de comer uma arribaçã com fritas do tipo chips, no Bar do Pirulito. Sensacional. Mas meu voo aqui e agora degusta páginas. Páginas que foram carinhosa e arduamente construídas, ao longo dos últimos vinte anos. O fator árduo é habitual para quem lança: a ânsia de saber o que vão achar. Para esse tipo de transtorno, há um remedinho bom: a leitura. É um tipo de meditação também, se dentro de apropriações semânticas e vigilância da coluna e tronco encaixados. Assunto a ser desdobrado, é claro, noutra crônica.
Meu primeiro livro solo será voado com os passarinhos Lino e Leno. Meus amigos de longa data. Linaldo Guedes e Lenilson Oliveira, arribando para séculos e gerações: os dois, poetas às claras. Estamos acostumados com dupla sertaneja, dupla de batedores de pênalti, dupla de super-heróis, dupla de larápios, dupla de humoristas. Muitas e tantas. Lino e Leno são uma dupla literária, um marco editorial na cidade e na região. Fico honrada, desde sempre.
Os dois se irmanaram para um projeto brilhante: arribar com os livros. E esse arribamento deve ser aplaudido, pois vem ganhando, inclusive, voos para outras regiões. O portal Dicio, dicionário virtual, diz que arribação é um substantivo feminino. E mais: 1. Ato de arribar; 2. Chegada a uma região para nela se permanecer algum tempo;
3. Deslocamento de animais de uma zona para outra em determinadas épocas do ano.
Outro que arriba há algum tempo: Arribação, blog com foco em Jornalismo Cultural. A equipe, em seu texto inicial, lembra que a noção de cultura é dinâmica e recebe influências internas e externas. O objetivo do blog é unir a reflexão e o diálogo sobre questões culturais, a partir de diferentes perspectivas.
Coisa saudável é navegar pelas perspectivas. Os talentosos desenhistas da Warner Brothers criaram, para a nossa alegria, o querido camundongo mexicano Speedy Gonzáles, mais conhecido entre nós como Ligeirinho. A frase preferida do bichinho, você conhece, meu caro leitor. Vamos lembrar que ele derrota todos os vilões, sai em disparada e ainda consegue seu sonhado pedaço de queijo. Há uma polêmica sobre o estereótipo criado com o personagem, além de questões geopolíticas, éticas, históricas. Vixe, que calor. Não quero polêmica. Quero polenta.
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