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Francisco Cartaxo

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José Dirceu comprou armas em Cajazeiras

31/08/2015 às 19h02

Por Francisco Frassales Cartaxo

No mensalão, José Dirceu foi processado, julgado e condenado a mais de 10 anos de prisão. Sentença transitado em julgado. Hoje está preso em Curitiba por conta da Operação Lava Jato. Esta semana, a OAB/SP cassou sua inscrição como advogado. Zé Dirceu é odiado por muitos, considerado herói por outros, execrado pela mídia. Não fora isso, ele e não Dilma seria presidente da República. 

Dizem. Sua trajetória de vida é extremamente sinuosa, como homem público e como macho, desde os 14 anos, quando saiu de sua pequena Passa Quatro, em Minas, para São Paulo, onde lutou para sobreviver, agarrando-se a qualquer serviço condizente com sua idade. Bonito, alto, insinuante, corajoso, sedutor tinha por perto mulheres a lhe conceder mimos. 

Ainda menino, quase rapaz, uma experiente paulistana lhe introduziu nas artes do amor. E lhe deu abrigo. Fraco de grana, deu duro no trabalho e mole nos estudos. Mesmo assim abriu as portas da universidade, a muito custo. Já consolidado o golpe de 1964, fez-se líder do movimento estudantil, lutando para derrubar a ditadura. Preso, foi banido e deportado, ao lado de outros 14 companheiros, em troca do embaixador americano, sequestrado por guerrilheiros urbanos. Chega ao México em data simbólica: 7 de setembro de 1969!

De lá vai para Cuba aprender técnicas de guerrilha, na época da grande ilusão do “foco” revolucionário como base para conquistar o poder pelas armas, nas pegadas dos barbudos da Ilha. Àquela altura, Che Guevara já havia sido morto na Bolívia. Daniel, nome e foto nos cartazes de “terroristas procurados”, virou o argentino Hoffmann.  Com esse nome, Dirceu voltou ao Brasil, em longa viagem, via Moscou, Praga, Frankfurt, Bogotá e, finalmente, Manaus. Era tempo do general Emílio Médici, o violento período da ditadura, quando mais se prendeu, torturou e matou “contestadores” do regime militar. 

Agora passo a narrativa ao jornalista Otávio Cabral, autor do livro “Dirceu, a biografia: do movimento estudantil a Cuba, da guerrilha à clandestinidade, do PT ao poder, do palácio ao mensalão”. (Record, 2013): 

“Foi nesse cenário adverso que Dirceu, no final de fevereiro de 1971, desembarcou em Manaus. Do Amazonas, desceu de ônibus até Pernambuco, onde faria seu primeiro contato clandestino, com João Leonardo da Silva Rocha, que voltara de Cuba alguns meses antes para organizar a Molipo na zona rural. O encontro ocorreu em Arcoverde, no sertão pernambucano. Dirceu ficou cerca de dois meses circulando por cidades na divisa de Pernambuco e Paraíba, comprando armas para levar a São Paulo. Passou por Salgueiro, Cajazeiras, Caruaru e Patos. É muito fácil comprar em certas regiões do país, você comprava com muita facilidade”, revelaria o próprio Dirceu a Caio Túlio Costa, em 17.12.2005, em entrevista para o Projeto Memória do Movimento Estudantil.

José Dirceu, ou melhor, o argentino Hoffmann veio a nossa terra em missão clandestina, entre fevereiro e abril de 1971. Não exibia mais sua conhecida fisionomia de líder estudantil, cabeludo, porque fizera em Cuba sua primeira cirurgia plástica. Impossível reconhecê-lo. Ele mesmo espantou-se com sua nova cara! Naquele ano, começava na região mais um período de seca. Epitácio Leite Rolim exercia seu primeiro mandato de prefeito de Cajazeiras. Ainda ressoavam os discursos de João Agripino a cada novo trecho da pavimentação da BR 230, antes do trovejante Ernani Sátiro governar a Paraíba! 

Dúvidas me assaltam. Quem era o “contato” clandestino de Dirceu em Cajazeiras? Teria ele dormido aqui? Tomou cerveja em qual bar? Abasteceu o carro? Onde comprou armas? Em loja ou vendedor avulso? Afinal, quem lhe vendeu armas?


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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