Jair Bolsonaro e a Aliança pelo Brasil
Jair Bolsonaro está sem partido, enquanto forma nova agremiação. Eleito presidente pelo Partido Social Liberal, dele se afastou por desavenças com Luciano Bivar, o dono do PSL. O pernambucano Luciano Bivar fechou negócio com a família Bolsonaro e amigos do peito. Na transação, o advogado Gustavo Bebiano assumiu, interinamente, a presidência do PSL, a fim de comandar as eleições e, entre outras tarefas, “decidir sobre a distribuição dos recursos” do Fundo Partidário e do Fundo de Campanha, conforme registrado em ata da Executiva Nacional do PSL. O controle da distribuição das verbas públicas recebidas pelo partido migrou de Bivar para Bebiano. Assim combinaram e assim foi feito. Em 29 de outubro, um dia após a vitória do capitão no segundo turno, Luciano Bivar retoma a presidência do seu partido. Prego batido, ponta virada!
O PSL fez-se legenda de aluguel.
Instalado o governo, Gustavo Bebiano ocupou o estratégico posto de ministro-chefe da secretaria de governo. Não durou nada. Foi exonerado em fevereiro de 2019, após ser fritado pelos filhos de Bolsonaro. E também caiu fora do PSL. Hoje integra a facção de João Doria no PSBD. Bebiano, vez por outra, ameaça revelar segredos de quando era amigo do capitão. Segredos nada republicanos. Mas isso é outro papo.
Volto ao presidente da República.
A verdade, pública e notória, é que Jair Bolsonaro nunca teve vida partidária. Ao longo de sua controversa trajetória política, frequentou sete partidos para eleger-se vereador e deputado federal. Ano passado, depois de descartar o PSL, resolveu criar um partido com o objetivo de fazer dele um pilar de sustentação partidária do governo, atraindo forte representação no Congresso Nacional. A família Bolsonaro deve ficar no controle absoluto da Aliança para o Brasil, que se acha em fase inicial de constituição.
O nome traz uma clara referência à Aliança Renovadora Nacional, Arena, criada após a extinção impositiva dos partidos políticos que havia antes do golpe de 1964. O Ato Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965, foi o instrumento formal da ditadura para forçar a implantação do bipartidarismo. Daí nasceram o Arena, o partido do governo, e Movimento Democrático Brasileiro (MDB), a oposição partidária consentida pelos donos do poder.
Jair Bolsonaro, nascido em 1955, plasmou sua formação ideológica e política, justo na época da ditadura, na condição de aluno da Academia Militar e de oficial do Exército. Viveu sob o signo do corporativismo militar, que o arrastou, aliás, para a vida pública, ao eleger-se vereador no Rio de Janeiro, em 1988, pelo Partido Democrata Cristão. Meses antes, Bolsonaro havia sido reformado como capitão, após sinuosas e rebeldes travessuras, que até o levaram à prisão na caserna. Surfando nessa onda, chega à Câmara Federal, onde ficou 28 anos.
Em três décadas de mandatos parlamentares, Jair Bolsonaro se filiou a sete partidos políticos, sem jamais ter militância partidária significativa que o levasse a exercer cargos de relevância. Ao lado de controvertidas falas, ações e gestos, muitos deles polêmicos e agressivos, Bolsonaro sempre cultivou atitudes populistas e manteve postura afinada com as correntes mais à direita da política brasileira. Gestos populistas ao feitio de líderes autoritários, que deixam à margem as instituições e movimentos representativos da sociedade.
Daí a dúvida: que papel terá a Aliança pelo Brasil?
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