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Francisco Cartaxo

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Ivan Bichara e o canal do Açude Grande

24/04/2018 às 09h57

Açude Grande de Cajazeiras

A Paraíba comemora o centenário de Ivan Bichara Sobreira, que nasceu no dia 24 de maio de 1918. Cajazeiras, em particular, tomou algumas iniciativas e comanda uma série de eventos em homenagem a seu ilustre filho. Por isso, tenho usado este espaço para lembrar passagens de sua atuação, numa forma singela de contribuir para os justos festejos que lhe são prestados. Hoje falo da importante obra para Cajazeiras, não apenas pelo efeito imediato em termos da contenção das cheias do riacho que alimenta nosso secular açude, mas também pelas repercussões no desenho urbano de parte da zona norte da cidade.

O canal do sangradouro do Açude Grande foi construído no governo de Ivan Bichara, quando Francisco Matias Rolim era prefeito pela segunda vez. Muito antes disso, porém, o ilustre cajazeirense já lutava para resolver o problema. Em 1958 – portanto, 30 anos antes de ser inaugurado o canal de 1.500 metros-, o deputado federal Ivan Bichara conseguira incluir no orçamento da União verba orçamentária no valor de “25 milhões de cruzeiros para a construção de um canal que ligará o sangradouro do açude público construído pelo DNOCS à ponte que une a cidade ao bairro do Belo Horizonte. Trata-se de uma iniciativa do mais alto alcance para a terra do padre Rolim pois as águas do sangradouro dividem nas cheias as ruas da cidade e no verão fazem poças que criam mosquitos e graves inconvenientes à saúde da população”.

Esta notícia foi publicada na primeira página do jornal O Norte, de João Pessoa, edição de 14 de janeiro de 1958, sob este título: Cajazeiras no orçamento federal de 1958. Outras boas informações lá estão: verbas para o abastecimento d’água, apoio à defesa e incremento da cultura do algodão, em convênio com a prefeitura de Cajazeiras, auxílio federal para o Hospital Regional, Colégio Nossa Senhora de Lourdes e Ginásio Salesiano Padre Rolim. É provável que dessas dotações orçamentárias previstas, o município talvez tenha recebido apenas alguns trocados para HRC e para as escolas católicas… Era comum esse tipo de atuação, frustrada, de nossos representantes, sobretudo, quando o parlamentar não integrava as hostes governistas, como era o caso de Ivan Bichara. Nessa época, ele ocupava a vice-liderança da bancada da UDN/PL, a chamada minoria, ferrenha trincheira da oposição ao governo de Juscelino Kubitschek. JK era apoiado pela histórica coalizão formada pelo PSD/PTB, que nasceu e se consolidou com Getúlio Vargas.

Antes mesmo de assumir o governo da Paraíba, em 15 de março de 1975, Ivan Bichara já definira alguns projetos para sua terra. Construir o canal do Açude Grande era um sonho alimentado desde seu tempo de rapaz em Cajazeiras. Mas não foi fácil. Obra de responsabilidade do governo federal, cara para os padrões da época, havia necessidade de dois tipos de ação: uma ação técnica ligada à elaboração do projeto de engenharia e outra de caráter político junto ao governo central. Recorde-se que, nesse período, o Brasil ainda navegava na primeira crise mundial do petróleo, que estourou em 1973 e se estendeu pelos anos seguintes. O projeto técnico fora encaminhado, mas estava dormindo na gaveta de algum chefe intermediário da burocracia federal, prática muito comum em todos os tempos. Restava descobrir a maneira mais ágil e eficaz de abordar quem tivesse condições efetivas de destravá-lo. E essa oportunidade surgiu, mas eu só contarei na próxima semana.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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